Turismo açoriano prepara promoção com aposta na segurança sanitária e ambiente
Covid-19
29 de abr. de 2020, 09:59
— Lusa/AO Online
A Associação de Turismo dos
Açores (ATA) está atualmente a preparar o documento que traça a
estratégia de promoção para o verão e para o futuro próximo
pós-Covid-19, disse à Lusa o seu presidente, Carlos Morais.O
plano irá ser apresentado ao Governo dos Açores e, posteriormente,
aprovado pela direção, abordando, numa primeira fase, “até que ponto o
mercado regional poderá corresponder, no verão, à procura” turística.A
ATA é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, que
resulta de uma parceria entre os setores público e privado, e visa a
promoção da região e a qualificação da oferta, por forma a “contribuir
para o desenvolvimento turístico sustentado” do arquipélago.No
atual contexto, propõe-se a unir esforços com a transportadora regional
SATA, as unidades hoteleiras e a ANA – Aeroportos de Portugal para
trabalhar o mercado regional “o máximo possível”, embora haja “muitas
pessoas que tiveram já de realizar as suas férias” e outras que “viram
os seus rendimentos reduzidos”.Apesar de
as “expectativas serem baixas”, Carlos Morais afirma que “há que
preparar o futuro”, com base num documento que “posicione os Açores na
sua matriz ambiental” e na oferta de saúde, algo que as pessoas “vão
passar a valorizar ainda mais”. O segundo
vetor da estratégia aponta a necessidade de apostar no mercado nacional,
que “reage bem nestas circunstâncias", mas que "vai ser muito
fustigado” com campanhas de outros destinos. Numa
terceira fase, pretende-se voltar a cativar os mercados internacionais,
“sem esquecer que países como Espanha, Itália, França, Estados Unidos e
Canadá passam também por uma má situação, devido à Covid-19”.“Não
queremos deixar de nos prepararmos já para o futuro, criando a
apetência da vinda de turistas para os Açores o mais breve possível”,
declara Carlos Morais. A Câmara do
Comércio e Indústria dos Açores considera que “só o impacto direto no
turismo vai implicar uma quebra de 10% no Produto Interno Bruto (PIB)
dos Açores”, ou seja, cerca de 400 milhões de euros.O
economista Mário Fortuna, vogal da direção, admite que “é possível que
haja” mais atividade do que a atual, por via do turismo nacional, mas
assume que “não é possível salvar a época alta como se conhece” até
hoje.As “expectativas são reservadas”, com
uma época alta “como nunca se viu”, refere, lembrando que “não haverá
aviões a voar tão cedo, de forma livre”, o que significa que não se
poderá transportar turistas para a região da forma mais acessível.Na
prática, acrescenta, o turismo interno “vai estar sujeito aos mesmos
condicionalismos” do que o externo, algo que só poderá ser ultrapassado
se o Governo Regional “libertar mais as condições de circulação nos
aviões da SATA para promover o turismo da ilha de São Miguel para as
outras ilhas”.“Com a situação que se vive,
neste momento, em São Miguel [de cercas sanitárias nos seis concelhos],
questiona-se quando se estará à vontade para que a circulação se faça
de forma razoavelmente livre. Fica, naturalmente, o turismo entre as
ilhas mais pequenas, o que reduz a menos de metade o potencial de
turismo interno”, afirma.Mário Fortuna
defende que, apesar da sua “dimensão diminuta”, este mercado deve ser
trabalhado como "câmara de ensaio para a reabertura ao mercado nacional e
internacional”, com a região a preparar-se para uma “nova realidade”
muito focada na segurança sanitária dos estabelecimentos. O
Governo dos Açores tem presente as “implicações grandes” que as
questões de segurança sanitária vão ter nas opções de férias a curto
prazo: em declarações à Lusa, a secretária regional da Energia, Ambiente
e Turismo, Marta Guerreiro, considera que “devem ser precisamente
valorizadas de forma especial”.A par dessa preocupação, há que apostar nas “premissas essenciais para uma retoma bem sucedida”, como o ambiente.A
titular da pasta do Turismo anunciou, entretanto, que está a ser
elaborado um manual de boas práticas sobre a Covid-19 para o turismo, um
setor importante na atividade económica nos Açores.O
documento está a ser preparado em parceria com a Secretaria Regional da
Saúde e será apresentado para discussão às entidades representativas do
setor.Para Marta Guerreiro, importa
“garantir toda a segurança necessária e desejada para umas férias
verdadeiramente tranquilas e relaxantes”, não só para os futuros
visitantes, mas também para todas as pessoas que trabalham nesta área.