Trump pede união, insiste no muro e anuncia cimeira com Kim em discurso à nação
6 de fev. de 2019, 12:51
— Lusa/AO Online
Na
terça-feira à noite, Donald Trump deslocou-se ao Congresso
norte-americano e no início do discurso, adiado desde 22 de janeiro
devido ao mais longo 'shutdown' [paralisação da administração] da
história do país, pediu um compromisso entre democratas e republicanos
para trabalharem para o bem comum."Devemos
rejeitar as políticas de vingança e retaliação, e abraçar o potencial
ilimitado de cooperação, compromisso e bem comum", sublinhou Donald
Trump, na primeira parte do discurso que durou quase uma hora e 20
minutos.O país
deve ser "governado não como dois partidos, mas como uma nação",
sublinhou, referindo-se depois, de forma indireta, às investigações
pedidas pelos democratas à sua administração e finanças pessoais,
apelidando-as de "ridículas investigações partidárias" que podem vir a
travar o progresso económico.O
Presidente dos Estados Unidos pediu de seguida aos responsáveis
políticos do país para trabalharem juntos para resolverem os problemas
da imigração ilegal nos EUA, reiterando que apenas um muro na fronteira
com o México garantirá a segurança.Trump
avisou que o Congresso "tem dez dias para aprovar um projeto de lei"
para financiar o Governo e garantir a proteção da "perigosa fronteira
sul", uma tarefa que não se adivinha nada fácil visto que o impasse que
envolve o Presidente e a maioria democrata na Câmara dos Representantes
está longe de ter terminado, já que Trump está preparado para um novo
'shutdown', se o Congresso não autorizar a construção do muro na
fronteira.Os
democratas recusaram aprovar um financiamento de 5,7 mil milhões de
dólares (cinco mil milhões de euros), que Trump reclamava para construir
um muro na fronteira com o México, tendo sido esta a razão do
'shutdown' [paralisação da administração norte-americana].Para
que o discurso do Estado da União pudesse acontecer o Presidente
norte-americano assinou uma legislação que permite o financiamento das
estruturas governamentais até 15 de fevereiro, permitindo a reabertura
após um 'shutdown' de 35 dias.Perante
os congressistas, agora que os democratas têm, depois das eleições
intercalares de novembro, a maioria na Câmara dos Representantes, Donald
Trump anunciou que vai reunir-se, a 27 e 28 de fevereiro, no Vietname,
com o líder da Coreia do Norte, Kim Jung-un, para a segunda cimeira
entre os dois líderes, depois do histórico encontro em 12 de junho
passado, em Singapura."Como
parte da nossa ousada diplomacia, estamos a dar continuidade ao nosso
esforço histórico pela paz na península coreana", disse Donald Trump,
antes de anunciar a data e o local da segunda cimeira com Kim Jong-un.Ainda
no plano internacional, Trump advertiu a China para não "roubar mais
empregos e riqueza aos norte-americanos" e exigiu "mudanças estruturais"
a Pequim nas práticas comerciais e afirmou que tenciona negociar um
novo acordo nuclear com a Rússia e talvez com a China.A
afirmação do Presidente dos EUA vem na sequência do anúncio da retirada
do país, na sexta-feira, do Tratado sobre Armas Nucleares de Alcance
Intermédio (INF), responsabilizando a Rússia por violar o acordo
concluído em 1987 durante a Guerra Fria.Durante
o discurso, Trump defendeu ainda as sanções impostas ao Irão e a
decisão de se desvincular do tratado nuclear com o país, que acusou de
ser "o principal patrocinador estatal do terrorismo".Em
relação à guerra da Síria e no Afeganistão, o Presidente
norte-americano referiu que as "grandes nações não travam guerras
intermináveis" e que no caso do Afeganistão "chegou a hora" de tentar a
paz.O discurso
do Estado da União decorre da obrigação que a Constituição dos EUA
impõe ao Presidente para que preste “regularmente ao Congresso
informações sobre o Estado da União”.