Trump avisa que irá cancelar acordo nuclear com o Irão se “falhas” não forem corrigidas
13 de out. de 2017, 18:35
— Lusa/AO online
“Caso não alcancemos uma solução, o acordo
será cancelado”, disse o chefe de Estado norte-americano, numa
declaração a partir da Casa Branca para anunciar a estratégica da atual
administração dos Estados Unidos em relação ao Irão e ao acordo sobre o
programa nuclear iraniano alcançado em 2015.Apesar de manter o
acordo, Trump afirmou que recusa-se a certificar o acordo, que
qualificou como “um dos piores”. E insistiu que Teerão não respeita o
espírito do documento.“Qual é o sentido de um acordo que está
apenas a atrasar a capacidade nuclear por um curto período de tempo?
Isso é inaceitável para o Presidente dos Estados Unidos", referiu Trump,
reforçando que este acordo, que permitiu apenas “inspeções fracas”, só
está a adiar, a curto prazo, os avanços do Irão para desenvolver uma
arma nuclear.“Pedi à minha administração para trabalhar em
estreita colaboração com o Congresso e com os nossos aliados para
preencher as várias e graves falhas do acordo, de forma a evitar que o
regime iraniano ameace o mundo com armas nucleares”, prosseguiu.Ao
ter anunciado que não certificava o acordo, ou seja, na opinião de
Trump Teerão não está a cumprir os compromissos do pacto nuclear, o
Presidente autorizou, em termos técnicos, que o Congresso
norte-americano reponha, dentro de um prazo de 60 dias, as sanções
norte-americanas que foram suspensas em troca das concessões iranianas.Momentos
antes desta declaração de Trump, o chefe da diplomacia norte-americana,
Rex Tillerson, já tinha indicado que Washington não ia retirar-se do
pacto multilateral, apesar deste não servir os interesses dos Estados
Unidos.Na mesma intervenção, Donald Trump lançou violentas
acusações ao Irão, denunciando o comportamento da “ditadura iraniana” e
do “regime fanático” de Teerão, que aos seus olhos é um dos principais
“apoiantes do terrorismo” no mundo.Teerão “semeou a morte, a
destruição e o caos em todo o mundo" e "a agressão da ditadura iraniana
continua até hoje", disse ainda.O líder norte-americano divulgou
ainda a aplicação de novas e “duras” sanções contra os Guardiões da
Revolução, o exército de elite iraniano.Os Guardiões da Revolução
“desviaram vastas partes da economia iraniana e apoderaram-se de
doações religiosas para financiar a guerra e o terror no estrangeiro”,
acusou Trump, indicando que autorizou o Departamento do Tesouro dos
Estados Unidos a aplicar mais sanções a este grupo.O acordo
nuclear entre o Irão e o grupo de países 5+1 (os cinco membros
permanentes do Conselho de Segurança da ONU – Estados Unidos, Reino
Unido, França, Rússia e China – e a Alemanha) foi alcançado em julho de
2015 em Viena, ainda sob a alçada da administração do Presidente Barack
Obama (democrata).O acordo foi assinado com o objetivo de garantir a natureza exclusivamente pacífica do programa nuclear iraniano.Desde
que entrou em vigor, a 16 janeiro de 2016, a administração americana
certifica-se, a cada 90 dias, perante o Congresso, de que Teerão está a
respeitar os termos acordados e se o pacto favorece o “interesse
nacional” dos Estados Unidos.Essa certificação é feita ao abrigo de uma lei aprovada pelo Congresso, conhecida pela sigla INARA.