Trump anuncia intervenção militar terrestre na Venezuela e Maduro pede prontidão a força aérea
Hoje 12:03
— Lusa/AO Online
"Provavelmente
já se aperceberam que as pessoas já não querem entregar [droga] por
mar, e nós vamos começar a impedi-las por terra. Além disso, por terra é
mais fácil, e isso vai começar muito em breve. Avisámo-los para pararem
de enviar veneno para o nosso país", disse Donald Trump num telefonema com militares por ocasião do Dia de Ação de Graças.O
líder republicano, que não detalhou em que consistiriam as ações
terrestres, destacou os ataques no mar das Caraíbas e no Pacífico, onde
as forças norte-americanas mataram mais de 80 pessoas ao destruírem mais
de 20 embarcações alegadamente ligadas ao narcotráfico,
maioritariamente da Venezuela, desde 01 de setembro.As
ações foram levadas a cabo por um destacamento militar naval e
terrestre na região, que inclui o maior navio militar do mundo, o
porta-aviões Gerald R. Ford, com quatro mil soldados e 75 caças a bordo,
que o líder venezuelano, Nicolás Maduro, interpreta como uma tentativa
de o afastar do poder.O líder chavista
pediu aos elementos da força aérea que estejam em "alerta, prontos e
dispostos" a defenderem os direitos da Venezuela."Peço-vos
que estejam sempre imperturbáveis na vossa serenidade, alerta, prontos e
dispostos a defender os nossos direitos como nação, como pátria livre e
soberana, e sei que nunca falharão à Venezuela, sei que a Venezuela
conta convosco", disse Maduro na quinta-feira.O
Presidente venezuelano fez as declarações remotamente durante um evento
liderado pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, e por altos
comandantes militares na base aérea de Maracay, capital do estado de
Aragua (norte), para assinalar o 105.º aniversário da criação da força
aérea venezuelana. Na ocasião, as tropas realizaram um exercício de simulação da interceção de um avião e de tropas invasoras.Sem
especificar, Padrino López criticou governos que "se prestam ao jogo
imperialista para militarizar as Caraíbas" e apelou para que deixem de
agir contra os sentimentos dos seus povos.O
ministro da Defesa fez a declaração no mesmo dia em que o secretário de
Guerra dos EUA, Pete Hegseth, visitou o USS Gerald R. Ford, para
agradecer às tropas por enfrentarem os cartéis da droga. Na
quarta-feira, Hegseth esteve na República Dominicana, cujo Governo
autorizou os Estados Unidos a utilizar "de forma provisória" dois
aeroportos no âmbito da luta contra o tráfico de droga na região.A
região das Caraíbas foi palco, na segunda-feira, de demonstrações de
bombardeiros B-52H, revelou a força aérea norte-americana na
quarta-feira.No plano interno, e também
devido às manobras militares na região, a Venezuela despertou na
quinta-feira com a atividade aérea civil reduzida, com Caracas a cumprir
a ameaça na noite de quarta-feira de revogar as licenças das companhias
aéreas TAP, Iberia, Turkish Airlines, Avianca, Latam Colombia e Gol,
que acusou de se "unirem aos atos terroristas" promovidos pelos EUA.O
Aeroporto Internacional de Maiquetia, que serve Caracas, operou na
quinta-feira com uma oferta limitada de viagens, estando previstas
apenas sete partidas e sete chegadas, no mesmo dia em que a Associação
Internacional de Transporte Aéreo (IATA), que engloba mais de 300
companhias aéreas de todo o mundo, instou as autoridades venezuelanas a
reconsiderarem a revogação das concessões de voos.Durante
a 19.ª edição da Comissão Intergovernamental de Alto Nível
Rússia-Venezuela, realizada virtualmente, a vice-presidente venezuelana
Delcy Rodríguez acusou a Administração Trump de tentar isolar o país
sul-americano e de pressionar outros a impedirem as companhias aéreas de
voarem para Caracas.Neste contexto, apelou a um aumento dos voos entre a capital venezuelana e Moscovo. A
Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) tinha
apelado, na sexta-feira passada, à "extrema cautela" das companhias
aéreas no sobrevoo da Venezuela e sul das Caraíbas, o que levou a uma
cascata de cancelamentos de voos para o país sul-americano.