Trump anuncia imposição imediata de “tarifas recíprocas” sobre importações
2 de abr. de 2025, 22:06
— Lusa
Após
múltiplos alertas de especialistas económicos e financeiros sobre os
impactos do aumento de tarifas na inflação nos Estados Unidos e no
comércio económico global, o anúncio de Trump na Casa Branca foi feito
depois do fecho dos mercados bolsistas norte-americanos, que encerraram
hoje em alta ligeira. "Não vai ser
[reciprocidade] total... podíamos cobrar o total [de tarifas aplicadas
por outros países]... vamos cobrar metade", disse Trump, que exibiu uma
tabela com o nível das barreiras comerciais e não comerciais sobre
produtos norte-americanos em vários países e mercado e o que Washington
vai passar a cobrar a partir de quinta-feira.De
acordo com a referida tabela, a China aplica tarifas de 67% sobre
produtos norte-americanos e os seus produtos passam a pagar 34 por cento
para entrar nos Estados Unidos; os países da União Europeia (UE) passam
a pagar 20 por cento de tarifas, metade de 39% de barreiras comerciais e
não comerciais estimadas.“Pensamos que a
União Europeia é muito amigável, mas eles roubam-nos. É muito triste ver
isso. É tão patético; [taxam produtos dos EUA a] 39%, nós vamos
cobrar-lhes 20%”, frisou Trump.Para aceder
ao mercado norte-americano, os produtos do Japão passam a pagar 24%, os
da Índia 26%, de Taiwan 32% e do Vietname 46%. Ao
Reino Unido e Brasil passam a ser aplicados 10%, correspondentes ao
aplicado aos produtos norte-americanos, disse ainda Trump."Chamamos a isto recíproco simpático", disse Trump, que frisou que "gostaria" de aplicar "reciprocidade total". Outros países destacados por Trump foram Suíça, Indonésia, Coreia do Sul e África do Sul.Os
direitos aduaneiros específicos de cada país ou bloco económico, como a
UE, começarão a ser aplicados a partir de 09 de abril, afirmaram à
imprensa funcionários da Casa Branca.A tarifa-base de 10 % começará a ser aplicada mais cedo, no sábado, 05 de abril, segundo estas fontes citadas pela EFE. As
tarifas de 25 por cento sobre os automóveis estrangeiros, que afetam em
grande medida os países da UE, entrarão em vigor a partir da meia noite
de hoje, disse Trump no jardim da Casa Branca, com diversas bandeiras
dos Estados Unidos em pano de fundo e na presença do vice-Presidente e
dos principais membros do governo, incluindo os secretários de Estado e
da Defesa. Antes de assinar a ordem
executiva instituindo as reciprocidade de tarifas, Trump apresentou a
medida como uma defesa da produção industrial norte-americana, tendo na
audiência vários operários equipados, alguns de capacete. A
imposição de tarifas foi hoje apelidada pelo Presidente de “Dia da
Libertação”, após Donald Trump ter anunciado nos últimos meses aumentos
de 25% dos direitos aduaneiros sobre as importações de aço, alumínio,
automóveis e peças de automóveis. O
Presidente norte-americano apresentou a medida sobretudo como um indutor
de investimento estrangeiro em fábricas nos Estados Unidos e de
crescimento económico, perdido para outros países nas últimas décadas."Estas tarifas vão dar-nos crescimento como vocês nunca viram", prometeu, visivelmente bem disposto.“Hoje é um dos dias mais importantes da história americana”, frisou.Trump
utilizou uma retórica agressiva para descrever o sistema de comércio
global que os Estados Unidos ajudaram a construir após a Segunda Guerra
Mundial, afirmando que o seu país “foi saqueado, pilhado, violado,
pilhado” por outras nações. A 04 de março,
Trump impôs tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México,
mas estabeleceu uma moratória de um mês sobre os produtos provenientes
destes dois países abrangidos pelo acordo de comércio livre entre estes
países.