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Médio Oriente
Trump afirma que acordo para Faixa de Gaza está “muito perto”

O Presidente norte-americano, Donald Trump, reiterou a proximidade de “um acordo” para Gaza, numa mensagem otimista contrastante com o discurso na ONU do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sem sinais de redução da pressão militar


Autor: Lusa/AO Online

“Talvez tenhamos um acordo sobre Gaza, estamos muito perto”, afirmou Trump em declarações à comunicação social.

Este hipotético pacto, sobre o qual não forneceu quaisquer pormenores, implicaria a libertação dos reféns israelitas ainda mantidos em cativeiro pelo movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza e “o fim da guerra” de Israel no enclave, em curso desde outubro de 2023.

Praticamente ao mesmo tempo, Netanyahu afiançou, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, que continua determinado a “terminar a missão” de destruir o Hamas na Faixa de Gaza e a fazê-lo “rapidamente”.

Segundo o chefe do Governo de extrema-direita israelita, a guerra só acabaria imediatamente se o grupo palestiniano acedesse às exigências de Israel, entre as quais a libertação imediata dos reféns - cerca de 48 ainda mantidos no enclave, dos quais se acredita que 20 estejam vivos.

A guerra declarada a 07 de outubro de 2023 em Gaza para “erradicar” o Hamas - após o seu ataque a Israel fazer cerca de 1.200 mortos e 251 reféns - fez, até agora, pelo menos 65.549 mortos, na maioria civis, e 167.518 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros e também espalhados pelas ruas, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções, segundo números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas por mais de dois meses de bloqueio de ajuda humanitária e pela posterior entrada a conta-gotas de alguns mantimentos, distribuídos em pontos considerados “seguros” pelo Exército, que regularmente abre fogo sobre civis famintos, tendo até agora matado 2.543 e ferido pelo menos 18.614.

Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” e “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e arredores.

Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusara Israel de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.