Tritão-de-ventre-laranja em risco de desaparecer da Serra da Estrela
14 de mai. de 2019, 18:18
— Lusa/AO online
O
estudo, publicado na revista científica Animal Conservation, tem como
primeiro autor o investigador Gonçalo Rosa, do Centro de Ecologia,
Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) da Universidade de Lisboa e do
Instituto Zoológico de Londres, no Reino Unido.Caso
o vírus em causa, uma estirpe agressiva de ranavírus que tem matado
anfíbios na Serra da Estrela, "não seja mitigado", as populações de
tritão-de-ventre-laranja "podem ficar em risco de extinção no espaço de
dez anos", avisa Gonçalo Rosa, citado hoje em comunicado pelo cE3c, que
divulgou os resultados da investigação.Para
chegar a esta conclusão, o investigador português e restante equipa
desenvolveram projeções para esta espécie de anfíbio para os próximos 20
anos.Partindo dos modelos, mas
considerando um cenário otimista em que há um cessar de surtos de
infeção por esta estirpe agressiva de ranavírus, Gonçalo Rosa defende
que a recuperação de espécimes de tritão-de-ventre-laranja, quando
possível, "é severamente condicionada" pela mortalidade das fêmeas "a
médio e longo prazo".Os investigadores
acompanharam durante cinco anos as populações de
tritões-de-ventre-laranja em dois charcos da Serra da Estrela: em
Folgosinho, onde se registam "surtos anuais e episódios de mortalidade
em massa", e em Sazes, onde apenas se verificam "episódios pontuais de
infeção sem mortalidade".Com base nos
andados estabeleceram projeções para 20 anos, tendo em consideração
diferentes cenários: surtos de infeção anuais que podiam durar cinco,
dez ou 20 anos e a recuperação de espécimes, após os surtos, quando há
uma maior mortalidade de fêmeas ou quando há uma mortalidade idêntica em
ambos os sexos.O primeiro surto de
ranavirose (doença infeciosa causada por ranavírus) foi detetado na
Serra da Estrela em 2011. Desde então, vários surtos têm afetado
diversas espécies de anfíbios, em particular o tritão-de-ventre-laranja,
refere o comunicado do cE3c.Por
permanecerem nos charcos durante todo o ano, as fêmeas desta espécie
morrem mais por ranavirose - os ranavírus vivem na água - do que os
machos, que abandonam os charcos após a época da reprodução.O
tritão-de-ventre-laranja é uma espécie de anfíbio endémica da Península
Ibérica que se caracteriza pela coloração laranja na região da barriga
que lhe dá o nome por que é conhecida. Mede entre 65 e 90 milímetros de
comprimento.