Tribunal de Recurso mantém sentença de polícia por homicídio de George Floyd
17 de abr. de 2023, 17:42
— Lusa
O advogado de
Chauvin tinha pedido ao tribunal de recurso que retirasse as condenações
ao ex-agente da polícia por uma longa lista de razões, incluindo a
enorme publicidade em torno da realização do julgamento e erros legais e
processuais que teriam privado Chauvin de ter um julgamento justo. No
entanto, o painel de três juízes apoiou as premissas do Ministério
Público, garantindo que Chauvin teve “um julgamento justo e uma sentença
justa”, pelo que pelo que manteve a sentença de 22 anos e meio de
prisão.George Floyd morreu a 25 de maio de
2020, depois de Chauvin ter usado o joelho para o imobilizar
pressionando o pescoço contra o chão durante cerca de nove minutos e
meio. Um vídeo de um transeunte capturou os gritos de Floyd, em que afirmava que não conseguia respirar.Depois
da divulgação das imagens nas redes sociais, sucederam-se os protestos
contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades
norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.Os
quatro polícias envolvidos no incidente foram despedidos, e o agente
Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi detido e
julgado."Os agentes da polícia têm, sem
dúvida um trabalho desafiante, difícil e, por vezes, perigoso. No
entanto, ninguém está acima da lei", afirmou o juiz presidente do painel
do Tribunal de Recurso, Peter Reyes."Quando
cometem um crime, devem ser responsabilizados, tal como aqueles
indivíduos que violam a lei e que são, por isso, legalmente presos. A
lei só permite que os agentes da polícia utilizem força razoável quando
efetuam uma detenção legal. Chauvin cruzou essa linha neste caso quando
usou força desproporcional contra Floyd", acrescentou.William
Mohrman, advogado de Chauvin, argumentou em recurso que o juiz de
instrução deveria ter retirado o caso de Minneapolis devido à extensa
polémica que existiu antes do julgamento e às precauções de segurança
sem precedentes, face aos receios de violência."A
questão principal neste recurso é se um réu criminoso pode obter um
julgamento justo e consistente com os requisitos constitucionais num
tribunal rodeado por blocos de betão, arame farpado, dois carros
blindados e um esquadrão de tropas da Guarda Nacional, que estavam lá
apenas para o caso de o júri absolver o réu", disse Mohrman, em janeiro,
nas argumentações finais.No entanto, Neal
Katyal, um advogado especial do Estado, argumentou que Chauvin obteve
"um dos julgamentos mais transparentes e minuciosos da história do
país".O juiz do condado de Hennepin, Peter
Cahill, condenou Chauvin a 22 anos e meio após os jurados o terem
considerado culpado de homicídio em segundo grau, homicídio em terceiro
grau e homicídio involuntário em segundo grau. Chauvin
confessou-se mais tarde culpado de uma acusação federal separada de
direitos civis e foi condenado a 21 anos de prisão federal, que está
agora a cumprir no Arizona em simultâneo com a sua sentença estatal."O
juiz Cahill geriu este julgamento com enorme cuidado, e mesmo que
Chauvin pudesse identificar alguma culpa menor, qualquer erro é
insignificante. As provas da culpa de Chauvin foram captadas em vídeo
para que o mundo as pudesse ver", disse Katyal.Mohrman
ainda argumentou que a polémica antes do caso chegar a tribunal foi a
mais extensa de qualquer julgamento na história do Minnesota.A
controvérsia e os tumultos, a agitação por causa de um assassínio
policial de um homem negro num subúrbio de Minneapolis durante a seleção
do júri e o encerramento do tribunal foram, defendeu Mohrman, alguns
dos fatores que prejudicaram a hipótese de Chauvin ter um julgamento
justo.O recurso centrou-se também num
jurado que participou num evento de direitos civis em comemoração da
Marcha do Reverendo Martin Luther King Junior, em Washington, alguns
meses após a morte de Floyd. Só depois do julgamento é que o jurado
revelou que lá tinha estado.Mas o tribunal de recurso decidiu que Cahill não ignorou as suas obrigações ao decidir sobre essas questões.