Tribunal de Contas vai fazer auditoria à receita dos produtos petrolíferos nos Açores
Revelou o PSD/Açores na Assembleia Regional
14 de fev. de 2019, 17:00
— Lusa/AO Online
"O
roubo aos açorianos é tão grande que o Tribunal de Contas acaba de
decidir fazer uma auditoria à cobrança do Imposto sobre os Combustíveis
nos Açores", apontou Luís Rendeiro, deputado social-democrata, durante
um debate de urgência, na Assembleia Regional, promovido pelo PSD, sobre
o custo dos combustíveis no arquipélago.Luís
Rendeiro entende que o Governo Regional não só "não cumpre a legislação
em matéria de preços dos combustíveis", como chega ao ponto de "cobrar
impostos ilegalmente", atitude que considera ser "um claro saque fiscal"
e um "grave incumprimento da lei".Mas
o vice-presidente do Governo Regional, Sérgio Ávila, explicou no
parlamento que "não é o Governo que fixa o preço dos combustíveis", mas
apenas determina o preço máximo a que devem ser vendidos na região."O
Governo define o preço máximo de venda dos combustíveis, sendo que os
distribuidores vendem abaixo desse valor, quer aqui, quer a nível
nacional", esclareceu o governante, que assegurou ainda que o imposto
sobre os produtos petrolíferos é idêntico em todo o país.Sérgio
Ávila admitiu, no entanto, vir a propor uma redução da carga fiscal
sobre o Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP) na
região, a exemplo do que já acontece noutros impostos, como o IRS e o
IRC, que são mais baixos nos Açores do que no resto do país."Se
apontarmos e formos por esse caminho, fica clarificado que não haverá
variações de impostos sobre combustíveis ao longo do ano, definindo um
diferencial da carga fiscal sobre os combustíveis nos Açores em relação
ao país", garantiu o governante, adiantando que a região está ainda a
estudar essa medida.O
vice-presidente explicou também que os custos com a distribuição de
combustíveis não são iguais em todas as ilhas, mas que o Governo tem
assumido um papel de regulador do mercado, de forma a que os açorianos
paguem todos o mesmo preço."Os
custos de distribuição, de fazer chegar os combustíveis a cada uma das
ilhas, são diferentes. Nós utilizamos o diferencial do ISP ilha a ilha
para que todos os açorianos tenham o mesmo preço nos combustíveis",
frisou o vice-presidente.Apesar
das explicações do executivo socialista, quase todos os partidos da
oposição criticaram o Governo, por entenderem que não está a cumprir com
aquilo que se comprometeu nesta matéria."Ou
se altera a fórmula de cálculo ou se alteram os diferenciais definidos.
Certo é que, atualmente, há uma incompatibilidade entre estas duas
resoluções do conselho de Governo, e que não vale a pena estar a ignorar
o elefante no meio da sala", ironizou Alonso Miguel, deputado do CDS.Também
António Lima, do Bloco de Esquerda, entende que as regras introduzidas
pelo Governo estão a prejudicar os açorianos, em especial os
consumidores da ilha de São Miguel, a maior dos Açores, que chegam a
pagar mais imposto do que as restantes."Há
uma ilha que é prejudicada. Que é a ilha de São Miguel! Nós concordamos
que o preço deve ser idêntico em todas as ilhas, isso não hajam
dúvidas, agora o que não poderá é haver ilhas onde o limite do preço
máximo seja ultrapassado", advertiu o parlamentar bloquista.Mas
Carlos Silva, da bancada da maioria socialista, lembra que a
alternativa ao atual modelo de regulação de preços nos combustíveis nos
Açores, seria a liberalização, solução que considera comportar
demasiados riscos."As
consequências de uma liberalização dos combustíveis nos Açores seriam
muito nefastas para a nossa coesão regional e isso é importante que
fique claro neste parlamento, para que não sejam prejudicadas as ilhas
mais pequenas e mais distantes", sustentou o deputado do PS.Paulo
Estêvão, deputado do PPM, lembrou, por outro lado, que os impostos
sobre os produtos petrolíferos aumentaram substancialmente nos Açores,
nos últimos quatro anos, passando de 43 milhões de euros em 2014 para 63
milhões em 2018. "Isto significa um aumento brutal", frisou.Já
João Paulo Covelo, deputado do PCP, considera que, em relação a esta
matéria, a região tem feito uma "discussão demagógica e de hipocrisia
política" ao não abordar as questões essenciais da política energética."Para
o PCP, é necessário e possível reduzir os lucros escandalosos das
empresas do setor energético, em benefício dos consumidores e da
economia, repondo a regulação dos preços numa matéria-prima que é
estratégica para a economia", insistiu.