Tribunal de Contas emite parecer favorável à Conta de 2016 do parlamento dos Açores
4 de dez. de 2017, 18:36
— Lusa/AO online
“No
que diz respeito à Conta da Assembleia Legislativa, o Tribunal emitiu
uma apreciação favorável, com a reserva de a Assembleia não ter
reconhecido contabilisticamente a obrigação de pagamento à Caixa Geral
de Aposentações do valor correspondente a retroativos de subvenções
mensais vitalícias atribuídas por lei a antigos deputados”, refere o
parecer do Tribunal de Contas (TdC).Este
parecer e o da Conta da Região Autónoma dos Açores relativos ao ano
passado foram esta manhã aprovados durante uma sessão do coletivo
especial, que integra o presidente do TdC e os juízes conselheiros das
secções regionais dos Açores e da Madeira deste Tribunal, tendo sido
entregues à tarde à presidente do parlamento regional, Ana Luís, em
Ponta Delgada.Aos
jornalistas, o presidente do TdC, Vítor Caldeira, explicou que o
parecer à Conta de 2016 da Assembleia Legislativa é favorável, mas
evidencia aquele aspeto como “uma situação que carece de ser registada
na contabilidade”.“Existe
uma dívida que é conhecida, que tem um montante certo, que é exigível.
Do ponto de vista do Tribunal, esse montante deve ser inscrito na
contabilidade de forma clara”, declarou Vítor Caldeira.Segundo
o juiz conselheiro, “a Assembleia Regional evidencia essa sua dívida no
relatório de gestão, não o tendo feito nos registos contabilísticos, o
Tribunal apenas recomenda que o faça”.Em
12 de abril de 2016, o parlamento dos Açores aprovou, por maioria, o
primeiro Orçamento suplementar da Assembleia Legislativa Regional, que
incluiu um reforço de 1,7 milhões de euros para pagar as subvenções
vitalícias dos antigos deputados.O
Orçamento suplementar, no valor global de 2,1 milhões de euros,
contemplou, também, uma verba para a reposição dos cortes salariais dos
funcionários do parlamento.A
Caixa Geral de Aposentações tinha informado a Assembleia Legislativa
Regional de que havia "mais de 50 antigos deputados" que têm direito a
beneficiar destes subsídios, cortados pelo Governo liderado por Passos
Coelho.O valor
em causa referia-se não apenas às subvenções a pagar durante aquele
ano, mas também às subvenções relativas ao ano de 2015, quando muitos
beneficiários destes subsídios ficaram privados de os receber.As
subvenções dos ex-titulares de cargos políticos eram um dos direitos
dos deputados, em todo o país, após terminarem a sua atividade política.O
executivo de Passos Coelho decidiu, no entanto, como medida de
austeridade, fazer depender a atribuição das subvenções dos rendimentos
de cada deputado, o que fez com que muitos deles tivessem deixado de ter
direito ao subsídio.Um
grupo de deputados à Assembleia da República pediu ao Tribunal
Constitucional a fiscalização das normas do Orçamento do Estado para
2015 sobre as subvenções vitalícias de ex-titulares de cargos políticos,
tendo aquela instância decidido que os parlamentares têm direito não
apenas a manter as subvenções, como a recebê-las também com efeitos
retroativos.