Tribunal de Contas diz que Governo pagou 174 mil euros sem o seu aval
27 de set. de 2018, 16:57
— Lusa/AO online
O
TdC refere, em relatório divulgado na sua página de internet, que para a
reparação e conclusão da rede de AVAC [aquecimento, ventilação e ar
condicionado] e da rede elétrica das instalações da nova Biblioteca
Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, a
Direção Regional da Cultura celebrou, em abril de 2016, um contrato de
empreitada no valor de 147,9 mil euros, acrescido do IVA.Para
a realização da obra, com um prazo de execução de 110 dias, foi
realizado um ajuste direto, no âmbito do qual foi convidada a apresentar
proposta uma única entidade, que, na qualidade de subempreiteiro, havia
realizado trabalhos na empreitada de conclusão da biblioteca.Segundo
o TdC, o contrato “fundamentou-se na constatação, em obra, pela
entidade responsável pela fiscalização, de que não existiam materiais e
equipamentos que se presumia armazenados no edifício”.Estando
este contrato relacionado com os anteriores contratos de empreitada de
construção da nova biblioteca, o “valor relevante” para efeitos de
fiscalização prévia do Tribunal de Contas “corresponde à soma do valor
dos contratos em causa”.“Deste
modo, todos os contratos que estejam ou aparentem estar relacionados
entre si ficam sujeitos a fiscalização prévia se o seu valor global
ultrapassar o limiar de sujeição a visto, que está fixado em 350.000
euros, mesmo que individualmente o valor se ache abaixo desse limiar”,
explica a entidade fiscalizadora.O
facto é que, ainda de acordo com o TdC, o contrato de empreitada de
reparação e conclusão da rede de AVAC e rede elétrica, apesar de estar
relacionado com os anteriores contratos de empreitada de construção da
nova biblioteca “não foi submetido a fiscalização prévia" do tribunal,
tendo a obra sido “integralmente executada”.O
relatório divulgado conclui ainda que as ações desenvolvidas pela
Direção Regional da Cultura no âmbito do acompanhamento da execução
material da empreitada de reparação e conclusão da rede AVAC e da rede
elétrica “não foram devidamente documentadas”.Por
outro lado, a recomendação n.º 1/2015, do Conselho de Prevenção da
Corrupção, “só foi parcialmente acatada”, pois “não foi fomentada a
concorrência através da consulta a mais do que um concorrente”.Em
abril de 2009, a direção regional da Cultura celebrou o contrato de
empreitada de construção da nova Biblioteca Pública e Arquivo Regional
de Angra do Heroísmo, orçado em 11,3 milhões de euros, acrescido do IVA,
com prazo de execução de 19 meses, visado pelo TdC.Uma
vez que o empreiteiro contratado inicialmente não concluiu a obra, o
Governo dos Açores tomou posse administrativa da mesma, em junho de
2012, estando por executar trabalhos no valor de 3,1 milhões de euros.Em
janeiro de 2015, foi celebrado novo contrato de empreitada para a
conclusão da obra no valor de 4,2 milhões de euros, acrescido do IVA,
pelo prazo de 240 dias, o qual foi igualmente visado pelo TdC.No
final de 2015, a entidade que fiscalizava a obra alertou para a
necessidade de realizar um conjunto de trabalhos relacionados com a rede
de AVAC e com a rede elétrica “não enquadráveis como trabalhos de
suprimento de erros e omissões ou trabalhos a mais no âmbito daquela
segunda empreitada”.