Tribunal de Contas divulga no 2.º semestre relatório de acompanhamento
PRR
19 de jul. de 2022, 12:03
— Lusa/AO Online
Numa
audição no parlamento, na subcomissão para o acompanhamento dos fundos
europeus e do PRR, o presidente do Tribunal de Contas (TdC), José
Tavares, disse que o parecer sobre a Conta Geral do Estado está a ser
ultimado, para ser apresentado ao parlamento "em final de setembro", e
adiantou estarem a decorrer várias auditorias que se relacionam com
financiamento do PRR. "Temos prevista a
apresentação de um primeiro relatório de acompanhamento ao PRR que
tencionamos aprovar no segundo semestre e que, em princípio, incluirá
uma avaliação sobre o desenho do programa, sobre os sistemas de gestão e
controle, e também incorporará uma análise da execução, sem prejuízo de
outras matérias", precisou a juíza conselheira do TdC Helena Abreu
Lopes, em declarações aos deputados da subcomissão.Duas
auditorias relacionadas com esta matéria já foram aprovadas, adiantou,
uma dedicada a identificar as causas para "a lenta absorção dos fundos"
do PT2020 e uma outra, aprovada na semana passada, sobre a utilização do
PRR na aplicação dos recursos públicos na digitalização para escolas.Sobre
esta última auditoria, Helena Abreu Lopes avançou que incidiu sobre o
financiamento quer do PRR quer nacional e que concluiu que a execução
dos investimentos está no início, que só um dos investimentos tem
execução material e financeira e que os adiantamentos de 35 milhões de
euros "não foram distribuídos devido a atraso na publicação da
resolução" do Conselho de Ministros que autorizou a realização dessa
despesa."Portanto, existem alguns
mecanismos que permitem a entrada de dinheiro na economia mas depois
existem alguns constrangimentos que o impedem", considerou a juíza
conselheira do TdC, salientando ainda ter havido, nomeadamente, atrasos
no início dos procedimentos concursais.O
controlo prévio e concomitante da contratação pública financiado por
verbas do PRR já se traduziu, segundo esta responsável, na submissão ao
Tribunal de Contas de 115 contratos públicos no valor global de cerca de
138 milhões de euros."Não precisamos nem
de mais estruturas nem de mais leis. Precisamos é de fazer alguns
aperfeiçoamentos de estruturas (...) e normas", defendeu o presidente do
TdC, no final da audição, criticando a eliminação, na legislação, do
dever de fundamentação na contratação pública."Como
posso saber a motivação de quem tem o poder de adjudicar, para
adjudicar a A e não a B ou a C? A fundamentação é fundamental", afirmou
José Tavares, considerando “sagrado na administração pública” o
princípio da fundamentação, especialmente no ajuste direto.A
audição no parlamento do Tribunal de Contas na subcomissão para o
acompanhamento dos Fundos Europeus e do PRR surge pouco mais de uma
semana após o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter
afirmado que espera “que haja controlo” da utilização dos dinheiros do
PRR, uma vez que “há imensas entidades” incumbidas de o fazerem.“Com
tanta entidade a controlar, espero que haja controlo”, frisou,
enumerando as entidades: o Tribunal de Contas, o Ministério Público, uma
subcomissão na Assembleia da República, “uma entidade mesmo do próprio
sistema da fiscalização da aplicação dos fundos europeus” e a Comissão
Europeia.