Tribunal de Contas alerta para riscos associados à dívida e às pensões
Conta Geral do Estado
19 de dez. de 2018, 17:17
— Lusa/AO Online
"É
necessário estar vigilante pelas expectativas estarem altas" sobre um
possível excedente primário e devido à possível "subida das taxas de
juro" e à "conjuntura externa", disse hoje o presidente do Tribunal de
Contas, Vítor Caldeira, na apresentação do documento.Em
2017, a receita efetiva "atingiu mais de 74 mil milhões de euros e a
despesa efetiva os 77 mil milhões", o que fez com que a redução do
défice, de 2,8 mil milhões de euros, se traduzisse numa redução "na
ordem dos 40%", disse Caldeira. Relativamente
à Segurança Social, o presidente do Tribunal de Contas salientou o
desempenho "também positivo", com receitas superiores a 32 mil milhões
de euros e "custos efetivos suportados na ordem dos 29 mil milhões".Em
termos de encargos com responsabilidades contingentes relativos a
medidas de resolução, foram de 3,8 mil milhões de euros, "sendo que os
apoios públicos ao setor financeiro atingiram 2,9 mil milhões de euros",
disse.A
dívida pública consolidada, "apesar de ter descido" em termos de
percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), "em termos nominais cresceu
235,7 mil milhões de euros".A
Conta Geral do Estado apresenta "um número significativo de omissões",
já que "não reflete todo o universo de informação financeira que
deveria", salientou Vítor Caldeira.Neste
sentido, o Tribunal de Contas apela para a "conclusão da administração
financeira do Estado", numa referência ao Sistema de Normalização
Contabilística para as Administrações Públicas, pois só assim é possível
"ter um balanço e demonstração de resultados" que hoje não é possível
ter, já que os instrumentos atuais "não estão geridos de forma a dar uma
visão estratégica" das finanças públicas.Vítor
Caldeira salientou as necessidades de "todas as unidades do perímetro"
do Estado serem tidas em conta, bem como "todo o 'stock' da dívida", e
de ser feito um "inventário do património do Estado".O
parecer do Tribunal de Contas emite "um juízo com reservas ao nível da
legalidade, da correção financeira e do controlo interno", formulando 60
recomendações para "suprir deficiências", 18 das quais são novas para
2017 e as restantes 42 reiteradas.O
Tribunal analisou ainda que o Orçamento do Estado de 2017 foi alterado
significativamente ao longo do ano, o que agravou o défice da
administração central em 972 milhões de euros.Vítor Caldeira salientou ainda "não haver identificação de mecanismos sobre alterações climáticas".Em
termos de evoluções positivas face ao parecer de 2016, o Tribunal nota
uma "evolução positiva nas responsabilidades assumidas pelo Estado", "no
domínio das Parcerias Público-Privadas [PPP]", e o acolhimento de 55%
de "recomendações formuladas em anos anteriores", mas "é fundamental
concluir a reforma da administração financeira do Estado", reforçou.