Três milhões de crianças obrigadas a deixar a escola por causa da guerra

13 de dez. de 2013, 11:29 — Lusa/AO online

“Trata-se da queda mais rápida e pronunciada de sempre dos níveis de escolarização na região”, refere o relatório “Educação Interrompida” divulgado hoje em Genebra, na mesma semana em que se assinalam mil dias de conflito armado no país. De acordo com o documento, os progressos educativos atingidos durante décadas no país foram interrompidos no espaço de três anos em que escolas foram destruídas, onde existe medo de ir às aulas devido à insegurança e também pelo êxodo verificado na Síria sobretudo nos últimos meses. “Muitos pais afirmaram que não têm outra opção a não ser deixar os filhos em casa porque é muito arriscado enviar as crianças para a escola”, afirma a UNICEF. No melhor dos casos, sublinha o relatório, algumas questões estão a receber educação informal de forma esporádica, mas muitas crianças e jovens tiveram mesmo de abandonar o ensino para ajudarem economicamente as famílias. Na Síria, uma em cada cinco escolas estão inutilizadas ou encontram-se completamente destruídas ou foram transformadas em refúgios para deslocados, sendo que muitos professores foram assassinados. As áreas mais afetadas por estas situações são aquelas que estão a ser atingidas pela violência da guerra civil como em Al Raqa, Idleb, Deir Ezzor, Hama, Deraa e os arredores da capital Damasco. Em algumas destas regiões, os níveis de escolarização desceram a níveis que rondam os 6 por cento, um dado especialmente alarmante se se tiver em conta que, antes do conflito, a Síria era o país da região com melhores níveis de escolaridade com qualidade. Antes da guerra, 97 % das crianças frequentavam a escola primária e 67 % recebiam educação ao nível do secundário e a taxa de alfabetização alcançava os 90% em ambos os sexos. “Esta situação vai ter consequências dramáticas no futuro do país”, indica o relatório. Nos países onde estão a ser recebidos os refugiados sírios, a UNICEF estima que 500 a 600 mil crianças sem escolarização, com dificuldades em relação à língua ou ao dialeto, diferenças assinaláveis no contexto dos programas escolares, além da pobreza e da insegurança. Por outro lado, alunos e professores das comunidades onde estão a ser recolhidos os refugiados estão muitas vezes integrados em aulas que registam uma participação mais elevada do que a desejada o que aumenta igualmente a pressão sobre os sistemas escolares dos Estados onde os refugiados se encontram. Perante a situação, a UNICEF propõe o incremento da proteção das infraestruturas escolares na Síria, declarando os estabelecimentos de ensino como zonas pacíficas ou aumentar o envolvimento internacional para o apoio ao ensino junto dos refugiados no exterior do país. A UNICEF propõe igualmente a aplicação de modelos educativos alternativos, como a educação a partir de casa, ou a criação de centros de aprendizagem informais e de espaços de recreio para as crianças com acompanhamento psicológico.