Três em cada quatro municípios estão preocupados com jovens desempregados
28 de fev. de 2019, 16:10
— Lusa/AO Online
Os
dados constam do estudo “Juventude(s): Do Local ao Nacional. Que
intervenção?” realizado pelo Observatório Permanente da Juventude, do
Instituto de Ciências Sociais e Humanas, que foi apresentado em
Lisboa, esta quinta-feira. Através
de um inquérito ao qual responderam 251 dos 308 municípios do
continente, da Madeira e dos Açores (81,5%), os investigadores fizeram
um levantamento exaustivo das políticas municipais de juventude e do que
mais as preocupa. Quando questionados sobre os principais problemas dos jovens, três em cada quatro municípios (74,4%) apontou o desemprego.Os
investigadores salientaram que este é um problema que se sente
mais no interior e nas ilhas, segundo o inquérito que decorreu entre o
final de 2017 e o primeiro trimestre de 2018. O
trabalho precário entre os jovens foi identificado como outro dos
grandes problemas por quase metade das autarquias (48,6%), sendo que,
neste caso, há menos contraste entre o interior e o litoral assim como o
fenómeno insularidade surge mais esbatido. Também quase metade das autarquias referiu as dificuldades de acesso à habitação entre a população mais jovem.Com
percentagens muito mais baixas, surgem os problemas relacionados com a
educação: 27,9% dos municípios apontam o insucesso escolar e 26,3%
referem o abandono escolar.Apesar destes problemas, nove em cada dez municípios (91,2%) não possuem um Plano Municipal de Juventude (PMJ).As
três grandes razões apontadas para a não existência de PMJ foram o não
ser considerado uma prioridade pelas autarquias, o plano ainda estar em
preparação ou em estudo ou simples falta de recursos, explicaram hoje os
investigadores.A
maioria dos municípios (59,4%) não possui um orçamento específico para a
área da juventude e apenas 68,5% têm um Conselho Municipal de
Juventude, ou seja, um órgão consultivo específico para políticas de
juventude.O
estudo apresentado revelou ainda que houve algumas mudanças nas
políticas prioritárias quando se compara o atual mandato com o anterior.Se
entre 2013 e 2017 a maioria das autarquias apostou em ações dirigidas
para as áreas da “Educação e Formação”, entretanto o foco passou a ser o
“Emprego e Empreendedorismo”.Outra
das áreas que mereceu mais atenção neste mandato foi a da “Habitação”,
por outro lado nota-se uma redução na “Educação”. A
maioria dos municípios (56,2%) não possui regulamento de apoio ao
associativismo juvenil, havendo muitas autarquias “que não apoiam
qualquer associação de jovens”. Pela negativa destacam-se as regiões de
Leiria, Algarve, Madeira e Lezíria do Tejo.O
estudo foi elaborado pelo Observatório Permanente da Juventude, do
Instituto de Ciências Sociais e Humanas (OPJ/ICS-ULisboa), no âmbito da
criação do Plano Nacional para a Juventude.