Tratamentos termais voltam a ser comparticipados pelo Estado em 2019
31 de dez. de 2018, 09:10
— Lusa/AO Online
“O valor da
comparticipação pago pelo Estado ascende a 35% do preço do conjunto de
tratamentos, tendo como limite 95 euros por utente”, explica o gabinete
de imprensa do Ministério da Saúde (MS), em comunicado enviado para a
agência Lusa.
Serão abrangidos por este apoio os tratamentos termais prescritos nos
cuidados de saúde primários do Serviço Nacional de Saúde, segundo a
portaria conjunta dos ministérios da secretária de Estado da Saúde e
secretária de Estado do Turismo.
“As comparticipações abrangem várias doenças, entre as quais artrite
reumatoide, rinite, asma, diabetes, anemia ou insuficiência venosa”,
indica o MS. Com esta medida é retomado o financiamento dos tratamentos realizados nas termas, que tinha sido suspenso em 2011.
“O regime de comparticipação, que assume a forma de projeto-piloto,
será avaliado ao fim de um ano, de forma a medir, de forma cuidada, os
benefícios alcançados por estes tratamentos”, refere ainda a nota do
gabinete de imprensa do Ministério da Saúde, acrescentando que
“posteriormente será definida a política a seguir em matéria de
prescrição e comparticipação nesta área”.
O projeto-piloto concretiza as conclusões dos trabalhos da Comissão
Interministerial criada em fevereiro de 2018, estando agendado para o
primeiro trimestre de 2020 a apresentação dos resultados deste projeto.
Em novembro, o Jornal de Notícias lembrava que a decisão de retomar as
comparticipações foi aprovada pelo governo há cerca de um ano, mas
faltava publicar o despacho que colocaria a medida em vigor.O
grupo de trabalho criado para propor o modelo de comparticipação
entregou o relatório em junho, mas o despacho que deveria seguir-se
nunca chegou a ser publicado levando a Associação das Termas de Portugal
(ATP) a ameaçar “tomar outras medidas”, caso a questão não se
revolvesse até janeiro de 2019.Nos
últimos anos houve um aumento de clientes nas Termas de Portugal,
sobretudo entre crianças e jovens: No ano passado, as termas receberam
123 mil pessoas, mais 0,3% do que em 2016, revelou o secretário-geral da
Associação das Termas de Portugal, João Pinto Barbosa, em declarações
recentes à agência Lusa.João
Pinto Barbosa explicou que não existem indicadores de taxas de
ocupação, mas o número total de tratamentos terapêuticos em 2017 rondou
os 1.300.000 nos 41 estabelecimentos termais que estão em funcionamento
no país (no continente), além das Termas de Ferraria, nos Açores.No
total, nas termas da Associação das Termas de Portugal (ATP)
realizaram-se cerca de 420 mil dias de tratamentos e 90 mil dias de
práticas de bem-estar termal.Dos
tratamentos, as patologias mais tratadas foram as relacionadas com as
doenças reumáticas e músculo-esqueléticas (50%), seguidas das patologias
das vias respiratórias, com 30% da procura.João
Pinto Barbosa sublinhou ainda que cresceu o número de crianças e jovens
que procuraram nos tratamentos termais a solução terapêutica para
diversos tipos de alergias respiratórias, nomeadamente rinite, sinusite e
asma, entre outras.No
ano passado, a associação registou uma faturação de 13 milhões de euros
em consultas, tratamentos termais e práticas de bem-estar, segundo o
responsável. As
termas empregam cerca de duas mil pessoas, estimando o secretário-geral
da ATP que o emprego indireto e induzido seja bastante superior.