Tratamento Mecânico de Resíduos de São Miguel permitirá "a curto prazo" encerrar aterros
16 de nov. de 2022, 15:28
— Lusa/AO Online
"A estação
vai receber os resíduos indiferenciados. Neste espaço serão separados
ainda mais resíduos valorizáveis, enquanto os orgânicos irão para
tratamento biológico. A nossa expectativa é que vamos, a curto prazo,
selar todos os aterros sanitários e a parcela para aterro será ínfima",
afirmou o presidente da MUSAMI – Operações Municipais do Ambiente EIM,
SA, Ricardo Rodrigues.O centro, iniciativa
da MUSAMI, representou um investimento de cinco milhões de euros, no
âmbito da construção do ecoparque de São Miguel.Na
inauguração do centro, Ricardo Rodrigues, que é também presidente da
Câmara de Vila Franca do Campo, sublinhou que se trata uma obra
importante para a ilha de São Miguel, introduzindo uma "grande diferença
no comportamento" do tratamento dos resíduos na maior ilha açoriana.Segundo
explicou o autarca, os resíduos indiferenciados que "iam diretamente
para aterro, sem qualquer espécie de tratamento, passam a ser todos
localizados" na instalação hoje inaugurada."Até
este momento, em termos de valorização de resíduos temos cerca de seis
mil toneladas e este equipamento permitirá em principio duplicar esse
número", assinalou.O presidente da MUSAMI
realçou ainda a importância da instalação como "indispensável" para
atingir as metas da União Europeia e devido às imposições nacionais e
regionais."Estamos a recolher cerca de
85/86 mil toneladas por ano de resíduos e nesta quantidade temos em
valorização na estação de triagem cerca de seis mil toneladas. A
expectativa é que essa instalação possa recuperar mais seis a 10 mil
toneladas", indicou, acrescentando que ao lado o centro está em
construção o tratamento biológico que deverá estar concluído no final do
primeiro trimestre do próximo ano.Ricardo
Rodrigues apontou ainda que a construção da nova central teve "os seus
contratempos", alguns "naturais, outros forçados"."Nós
compreendemos que numa sociedade livre e democrática os interesses são
díspares, os interesses de alguns ambientalistas, legítimos, e de outros
mais fundamentalistas de que não reza a história, porque temos de
tratar os resíduos que produzimos na ilha de São Miguel", criticou.
O presidente da MUSAMI destacou ainda o “entendimento perfeito” com o
Governo Regional, "não deixando" a secretaria regional do Ambiente de
“exercer a sua função fiscalizadora nesta matéria” do tratamento dos
resíduos, onde "compete às autarquia recolher e tratar os resíduos".O
secretário regional do Ambiente e Alterações Climáticas,
Alonso Miguel, sublinhou que a promoção da qualidade ambiental, e em
particular a gestão de resíduos, são "um dos eixos estratégicos" do
Governo Regional de coligação PSD/CDS-PP/PPM."A
gestão dos resíduos é um desafio enorme e acentuado atendendo à
realidade insular, ultraperiferia e dispersão geográfica e convoca a
participação de todos, Governo Regional, municípios e população",
sustentou o governante na inauguração.Para
Alonso Miguel, o centro hoje inaugurado permite "dar um passo em frente
na conclusão" do ecoparque e, sobretudo, para ter "um processo
assinalável na melhoria de gestão de resíduos" na Região."Em
2021 um total de 68% dos resíduos produzidos na ilha de São Miguel
tiveram como destino final a deposição em aterro e isto não é aceitável
nos dias de hoje e não é enquadrável com a estratégia que foi definida a
nível regional e nem com as metas comunitárias", sustentou.O
secretário regional do Ambiente realçou um conjunto de projetos
"estratégicos" que o executivo tem em curso para a melhoria da gestão de
resíduos.Entre os vários projetos está,
por exemplo, um sistema de depósito de embalagens não reutilizáveis de
bebidas nos Açores, que arrancou em maio.De
acordo com o governante, este sistema, instalado em todos os concelhos,
permite o pagamento de um prémio monetário através do deposito de cada
embalagem, e "já ultrapassou a fasquia dos 3,5 milhões de embalagens
retomadas", o que "dá nota da adesão da população".