Tratado contra pandemias pode estar pronto para assinar em maio
Covid-19
30 de mar. de 2021, 17:40
— Lusa/AO Online
“Os 194
Estados-membros da Organização Mundial de Saúde (OMS) vão agora iniciar
negociações e esperamos ter uma resolução em maio, quando for realizada a
assembleia-geral da Saúde”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus em
conferência de imprensa para apresentação do tratado, cujo objetivo é
preparar o planeta para futuras pandemias.Embora
o conteúdo do acordo dependa destas negociações, Tedros expressou
interesse em incluir pelo menos três pontos-chave: partilha de medidas
de prevenção e emergência, informações sobre patógenos (vírus e outras
causas de doenças) e ferramentas para combater epidemias, incluindo
medicamentos, vacinas e testes.“O mundo
não pode esperar que a atual pandemia termine para se preparar para
enfrentar a próxima”, sublinhou o responsável etíope, referindo que a
crise sanitária “expôs falhas nos sistemas de preparação para epidemias
nacionais, regionais e globais”.Tedros
considerou ainda que a pandemia “mostrou a necessidade de um compromisso
universal”, um tratado que “crie uma estrutura de cooperação e
solidariedade internacional”.O futuro
tratado, disse, pode basear o seu texto em princípios já presentes na
constituição da OMS, incluindo os que defendem “saúde para todos” e
rejeitam a discriminação.Entre os chefes
de Estado e de Governo que assinaram a petição para criação de um
tratado internacional contra as pandemias estão o primeiro-ministro
português, António Costa, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson,
os Presidentes do Chile (Sebastián Piñera) e da Costa Rica (Carlos
Alvarado Quesada) e a chanceler alemã, Angela Merkel.Também
os Presidentes de França (Emmanuel Macron), Indonésia (Joko Widodo),
África do Sul (Cyril Ramaphosa) e Coreia do Sul (Moon Jae-in), e o chefe
do Governo espanhol, Pedro Sánchez, estão entre os subscritores da
petição.Tedros minimizou a ausência neste
apelo de líderes de países como os Estados Unidos, a Rússia ou a China,
indicando que, por enquanto, o documento é apenas uma carta de intenções
e que todos os Estados-membros da OMS participarão nas futuras
negociações.O presidente do Conselho
Europeu, Charles Michel, também participou na conferência de imprensa de
hoje, evocando a ideia, apresentada no ano passado pela UE, de um
tratado contra as pandemias e sublinhando que o documento “pode melhorar
a prevenção e a resposta a futuras pandemias”.“A
covid-19 expôs as fraquezas e divisões das nossas sociedades e está na
altura de nos unirmos como uma comunidade global para construir uma
defesa para as gerações futuras”, concluiu. Os
dois responsáveis explicaram que o tratado funcionará como um “legado”
porque “a próxima pandemia não é uma questão de ‘se’, mas de ‘quando’”.“É
nossa responsabilidade como líderes assegurar que a preparação para a
pandemia e os sistemas de saúde estão prontos para o século XXI.
Deixemos um legado do qual todos possamos orgulhar-nos”, disse.Charles
Michel avançou originalmente em novembro de 2020 com a ideia de um
Tratado Internacional sobre Pandemias, apoiada, já este ano, pelo G7 bem
como pelos 27 Estados-membros da UE, num Conselho Europeu no final de
fevereiro.