Transplantes com redução de 28% no primeiro semestre
25 de ago. de 2020, 18:37
— Lusa/AO online
Falando
no polo principal do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
(CHUC), na apresentação de um equipamento para perfusão hipotérmica
oxigenada de fígado e rim, a responsável referiu que, no período de
mitigação, "apenas se deu respostas aos transplantes em doentes urgentes
ou muito urgentes"."A transplantação
estava a subir em Portugal nos primeiros meses do ano, mas, a partir de
março, com a pandemia, houve menos dadores e menos segurança na doação",
salientou Margarida Ivo da Silva, explicando que foi necessário
aumentar "a contingência relativamente à doação, porque o risco de
infeção era iminente".A coordenadora
nacional da transplantação frisou ainda que as instituições de saúde
"tornaram-se unidades covid-19 e as unidades de cuidados intensivos, que
eram as grandes fontes de dadores, tornaram-se unidades vocacionadas
para a covid-19 por necessidade"."Os
hospitais começaram a ter de se organizar em função desta pandemia e,
portanto, a doação em termos de segurança - e a transplantação por
consequência - baixou devido ao aumento das restrições, embora a taxa de
aproveitamento dos órgãos tenha aumentado muito", sublinhou.Segundo
Margarida Ivo da Silva, estão a ser criadas as condições para se
retomar as doações sem restrições, "mantendo a qualidade", de forma que
os centros de transplantação retomem a atividade.Apesar
da diminuição verificada, a coordenadora nacional afirma que o objetivo
estratégico passa pelo aumento da transplantação, pelo que está a ser
procurada "a melhor forma de continuar a transplantar todos os doentes
que necessitam e de reduzir o número de doentes para transplante"."Estamos
a redefinir novas regras, numa altura em que a pandemia está
estabilizada, para mantermos a sustentabilidade da atividade. Não quer
dizer que vamos subir e ter os números do ano passado, porque a
recuperação pode não ser assim tão fácil", sublinhou.O
CHUC é o primeiro centro de transplantação português a utilizar um
equipamento para perfusão hipotérmica oxigenada de fígado e rim, que
permite melhorar a qualidade dos órgãos para transplante.O
equipamento, apresentado na tarde de hoje em conferência de imprensa,
permite melhorar a qualidade dos enxertos, a função hepática
pós-transplante, a sobrevivência de enxertos e recetores e a segurança
da transplantação, segundo a coordenadora da Unidade de Transplantação
Hepática do CHUC."Este dispositivo permite
maximizar a utilização de órgãos para transplante, utilizar órgãos que
habitualmente até podem ser recusados por serem de dadores marginais ou
critérios expandidos, como é o caso de dadores idosos, de coração parado
ou com muitas comorbilidades ou até com algumas alterações analíticas",
disse Dulce Diogo.