A
situação no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, cujas pistas foram
invadidas por milhares de pessoas tentando desesperadamente fugir do
Afeganistão, obrigou a que todos os voos fossem suspensos por várias
horas na tarde de segunda-feira.Num
briefing no Pentágono, o general Hank Taylor afirmou que o tráfego no aeroporto está de novo
aberto.Pelo menos duas pessoas armadas foram mortas a tiro pelas forças norte-americanas no aeroporto, em Cabul, confirmou o Pentágono.De
acordo com várias testemunhas locais, pelo menos seis pessoas morreram,
enquanto milhares de pessoas desesperadas tentavam fugir do país
embarcando em voos de repatriação.Paralelamente,
o Departamento de Estado norte-americano pediu aos seus cidadãos no
Afeganistão para que não se dirijam ao aeroporto de Cabul, e se
mantenham escondidos, até instruções em contrário.O
porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, também garantiu que
continuam a ser exploradas "todas as opções" para retirar os afegãos
beneficiários do programa de visto especial e suas famílias.O
Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa,
Josep Borrell, e o Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg,
mantiveram hoje contactos sobre as operações de evacuação do aeroporto
de Cabul, segundo anunciaram através da rede social Twitter.Vários
países europeus, incluindo a Alemanha e Espanha, organizaram o envio de
aviões para retirar os seus cidadãos e os afegãos com quem trabalharam
nos últimos anos.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou hoje que a
Aliança Atlântica está a ajudar a garantir a segurança do aeroporto de
Cabul para permitir a retirada de cidadãos ocidentais do Afeganistão
face ao avanço da ofensiva talibã. “Falei
com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e com os ministros
dos Negócios Estrangeiros dos nossos aliados Canadá, Dinamarca e Países
Baixos sobre a situação no Afeganistão. A NATO está a ajudar a manter o
aeroporto de Cabul aberto para facilitar e coordenar as evacuações”,
escreveu Stoltenberg numa breve mensagem publicada no Twitter.Nas
últimas horas, na sequência do rápido avanço da ofensiva talibã em
Cabul e da anunciada entrada dos insurgentes na capital afegã,
funcionários diplomáticos de vários países ocidentais, nomeadamente dos
Estados Unidos (EUA), Dinamarca ou dos Países Baixos, foram transferidos
com urgência para o aeroporto de Cabul ou para a área circundante.A
Alemanha também anunciou hoje que transferiu os seus funcionários da
embaixada, incluindo os locais, para o aeroporto da capital afegã. A
televisão pública ZDF avançou que a chanceler alemã, Angela Merkel, vai
informar os grupos parlamentares sobre a situação no Afeganistão e a
retirada do pessoal da embaixada em Cabul.Suécia
e Espanha divulgaram igualmente que estão a acelerar o plano de
evacuação das respetivas representações diplomáticas em Cabul.Apesar
das garantias iniciais de que só avançariam para o interior da capital
afegã após uma transição pacífica de poder, os talibãs já entraram em
Cabul.Os
talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada
em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas
e da NATO.As
forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva
liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001),
que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Usama bin Laden,
principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de Setembro de
2001.A
tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos
no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo
Portugal. Face
à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior
regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a “vida, propriedade e
honra” vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e
trabalhar.