Trabalhadores temporários com vários contratos renovados temem ser dispensados
8 de nov. de 2019, 09:27
— Lusa/AO Online
“Essas pessoas estão a preencher vagas que
inicialmente poderiam ser temporárias, mas acabam por ser vagas que são
necessárias para a Base das Lajes e por um período mais prolongado, daí
realmente acharmos que porventura esses funcionários se calhar já deviam
estar permanentes”, adiantou, em declarações à Lusa, a presidente da
CRT, Diana Sousa.Em causa estão 13
funcionários portugueses ao serviço das Feusaçores (forças
norte-americanas destacadas nas Lajes) com contratos temporários.Em
outubro, um funcionário que estava nesta situação foi dispensado e a
CRT tem informação de outro deverá cessar funções este mês.A
Comissão Representativa dos Trabalhadores já se reuniu com a Força
Aérea portuguesa e já pediu um parecer legal sobre estes casos, tendo em
conta que “a maior parte” destes funcionários já renovaram contratos
mais do que uma vez.“Quando nós soubemos o
que se estava a passar, falámos com a maior parte destes funcionários
que estão temporários para saber caso a caso quantos contratos é que já
tinham renovado e, neste momento, pedimos ajuda a um jurista para nos
ajudar a avaliar o processo”, revelou Diana Sousa.Segundo
o regulamento de trabalho em vigor na Base das Lajes, os contratos de
trabalho temporários com prazo igual ou superior a seis meses podem ser
renovados duas vezes "até um máximo de três anos consecutivos” e caso
existam mais de duas renovações “o contrato de trabalho converter-se-á
em contrato permanente sem termo”. Segundo
a presidente da CRT, há quem esteja nesta situação “desde 2001”, com
vencimentos pouco acima do salário mínimo nacional, mas os trabalhadores
têm receio de reclamar os seus direitos.“Há
um bocadinho de receio. Como estes trabalhadores são temporários,
obviamente que lhes têm sido prometidos mundos e fundos muitas vezes e
eles têm alguns receios das represálias que possam vir a sofrer”,
salientou.Em 2015 e 2016, mais de 400
trabalhadores portugueses da Base das Lajes, com contrato sem termo,
assinaram rescisões por mútuo acordo, na sequência da redução do efetivo
norte-americano de 650 para 165 militares.A
administração norte-americana comprometeu-se a manter 417 postos de
trabalho para portugueses, dos quais 416 estão atualmente preenchidos
com contratos sem termo.Questionada pela
Lusa, a representante do Governo Regional dos Açores na Comissão Laboral
disse, numa resposta por escrito, que o executivo açoriano "tem mantido
contactos com os trabalhadores e com as entidades portuguesas e dos
EUA", acrescentando que "acompanha o desenrolar da situação". "O
Governo dos Açores tem defendido e pugnará sempre pela necessidade de
estabilidade do contingente laboral português ao serviço do destacamento
militar norte-americano nas Lajes, incluindo a situação dos postos de
trabalho temporários", frisou Carla Raposo.