Trabalhadores querem que INEM deixe de fazer transporte de utentes entre hospitais
21 de nov. de 2024, 11:01
— Lusa/AO Online
Em declarações aos
deputados da comissão parlamentar de saúde, onde a Comissão de
Trabalhadores do INEM foi hoje ouvida, a pedido do Chega, Rui Gonçalves
apontou ainda o transporte de grávidas e recém-nascidos, lembrando que
este transporte secundário “não é o ‘core’ do INEM”.“Não
sabemos ao certo a que se refere a refundação do INEM de que tanto se
tem falado”, disse o coordenador da Comissão de Trabalhadores,
defendendo que o transporte secundário faz com que os meios fiquem
ocupados com situações que não são urgentes, “enquanto vão entrando
chamadas urgentes que precisam de meios”.Lamentou
que os meios do INEM e dos parceiros (bombeiros e Cruz Vermelha) tenham
de ficar “horas à espera” nestas transferências e lembrou que, nalguns
casos, também eles “têm de tirar senha e ficar à espera”.“Se
queremos referenciação pelo INEM ou pela Linha Saúde 24 temos de dizer
às urgências que urgência e pré-hospitalar são complementares”, afirmou.Questionado
sobre as horas extraordinárias feitas pelos TEPH, disse que, até
setembro, estes profissionais já tinham cumprido 28.000 horas extra,
“sem contar com as horas acima do limite dos 60% ou 80% [consoante o
caso] e que não são pagas”.“Os
trabalhadores têm constantemente assegurado serviços, sabendo que não
vão receber e, por isso, é urgente que isto seja retificado. E a única
solução é a contratação de novos profissionais”, defendeu.Sobre
o dia 04 de novembro, em que coincidiram as greves da função pública
com a das horas extra dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar,
agravando ainda mais os atrasos na resposta de socorro, disse que
“qualquer catástrofe e o acumular destas paralisações “pode ter impacto
na atividade do CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes]”.E sublinhou que o impacto foi maior “única e exclusivamente” devido ao “desinvestimento crónico”.Questionado
sobre o cumprimento ou não de serviços mínimos nesse dia, pediu
serenidade e disse que cabe à Inspeção-Geral das atividades em Saúde e
ao Ministério Público apurar as responsabilidades da consequência dos
atrasos na resposta.Além de sete
inquéritos abertos pelo Ministério Público, as 11 mortes alegadamente
provocadas por falhas no socorro por parte do INEM motivaram igualmente a
abertura de um inquérito pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde
(IGAS).O coordenador da comissão de
trabalhadores do INEM disse ainda que o instituto tem assegurado o
socorro pré-hospitalar, mesmo com constrangimentos, e que “não há
necessidade de alterar este paradigma”, referindo-se à possibilidade de o
instituto passar a deixar de prestar serviços, focando-se na
coordenação e regulação.“O INEM consegue
colocar [junto do doente] meios diferenciados em tempo inferior à
chegada do doente à urgência”, garantiu, pedindo mais articulação de
meios entre centros hospitalares para “agilizar a transferência de
doentes nos serviços de urgência”.Sobre o
concurso para contratar 200 TEPH, que está a decorrer, Rui Gonçalves
disse acreditar que “vão ficar preenchidas todas as vagas”, mas lembrou
que o número de candidatos para Lisboa está “abaixo das expectativas”.“Em
Lisboa continua a haver défice”, recordou, acrescentando que o preço da
habitação nesta região do país desincentiva os trabalhadores de
concorrerem.Sobre a eventual existência de
conflitos pelo facto de o INEM ser prestador e fiscalizador da formação
prestada, disse que não vê aí qualquer problema, lembrando que a
esmagadora maioria da formação é dada por entidades externas acreditadas
pelo INEM.