Trabalhadores e sindicato querem alertar PR para precariedade
15 de jan. de 2020, 11:08
— Lusa/AO Online
"A
segunda fase deste processo passa por uma reunião com os representantes
da comissão laboral e da comissão bilateral e por um encontro com o
Representante da República para os Açores, no sentido de fazer chegar as
nossas preocupações, as nossas denúncias, no fundo a situação de
despedimento destes trabalhadores, ao Presidente da República", afirmou o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias
Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios
e Serviços, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT/AÇORES), Vítor
Silva.O dirigente sindical falava, em
Angra do Heroísmo, numa conferência de imprensa conjunta com os membros
da Comissão Representativa dos Trabalhadores portugueses ao serviço das
Feusaçores (forças norte-americanas destacadas nas Lajes).Segundo
a CRT, existiam 13 funcionários com contratos a termo na base das
Lajes, mas dois já foram dispensados e os restantes temem o mesmo
desfecho.Desses 13, o sindicato alega que
seis "reúnem todas as condições" para terem vínculos permanentes com a
entidade patronal. Dos seis, uma funcionária já foi dispensada e outros
três já foram informados de que os seus contratos não seriam renovados
em 2020."Alguém que está a fazer a mesma
função durante 19 anos não pode ser considerado trabalhador temporário
em parte nenhuma do mundo", sublinhou Vítor Silva, alegando que os
norte-americanos não estão a cumprir o acordo laboral. Segundo
a CRT, poucos dias depois de ter sido dispensada uma das funcionárias a
contrato foi contratada outra trabalhadora temporária para desempenhar
as mesmas funções."Estes serviços
continuam a ser, efetivamente, necessários. Como houve este processo de
queixa, os norte-americanos já não estão a ir pela via de contratar
pessoas para substituir, estão a ir pela via de reduzir o tempo em que
os serviços permanecem abertos, de forma a colmatar a falta daqueles
funcionários", acrescentou o coordenador do SITACEHT.O
sindicato e a comissão de trabalhadores já se reuniram com os partidos
políticos com representação no parlamento açoriano e anunciaram agora
novos contactos para tentar reverter os despedimentos e evitar que
outros funcionários sejam dispensados, admitindo o recurso a tribunal."Não
descuramos nenhuma via de intervenção. Nesta primeira fase, estamos a
procurar resolver pelas vias que existem ao abrigo do próprio acordo.
Numa segunda fase, se tivermos de recorrer à via judicial, assim o
faremos", frisou Vítor Silva, alegando que o desfecho pode ser positivo
"se houver bom senso e intervenção muito dinâmica da parte portuguesa". O
sindicalista reiterou a necessidade de o Estado português assegurar, no
acordo laboral, a existência de um contingente mínimo de trabalhadores
portugueses na base das Lajes, não só para permitir a contratação de
mais funcionários, como para evitar futuros despedimentos. "Se
nós quisermos evitar novamente aquilo que aconteceu em 2015, este
número terá de estar consagrado no próprio acordo", defendeu.Segundo
Vítor Silva, as Feusaçores já estão a recorrer à prestação de serviços
em regime de ‘outsourcing', em que os funcionários têm condições de
trabalho e salários "degradantes". "Há
pessoas que estão a trabalhar na base das Lajes, que recebem abaixo do
salário mínimo regional. É este tipo de situação que queremos evitar",
afirmou. Em 2015 e 2016, mais de 400
trabalhadores portugueses da base das Lajes assinaram rescisões por
mútuo acordo, na sequência da redução do efetivo norte-americano de 650
para 165 militares.A administração
norte-americana comprometeu-se a manter 417 postos de trabalho para
portugueses, dos quais 416 estão atualmente preenchidos com contratos
sem termo.