Trabalhadores dos Transportes repudiam plano da TAP com três destinos a Norte
Covid-19
4 de mai. de 2020, 10:32
— Lusa/AO Online
“A
intenção da TAP, ainda que não confirmada, de retomar três destinos a
partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no [distrito do] Porto,
enquanto planeia reativar 71 destinos à saída do Aeroporto Humberto
Delgado, em Lisboa, num plano faseado compreendido entre meados do mês
de maio e o início do mês de julho, põe claramente em causa o
relançamento da economia numa região fortemente industrializada”, alerta
em comunicado o STTAMP.A possibilidade
de, na sequência da pandemia de covid-19, a TAP retomar, no Porto,
apenas os destinos do Funchal, Londres e Paris merece do sindicado o
“veemente repúdio”, acrescenta, vincando que “a administração da
companhia não pode esquecer-se de que a TAP é a transportadora aérea
nacional” e “tem responsabilidades para com a totalidade do território”.“Num
momento de tentativa de recuperação de uma crise sanitária como a que
vivemos, [a TAP] constitui uma plataforma de criação de riqueza que,
pelo facto de equalizar as oportunidades das várias regiões, irá
certamente daí obter valor para si própria”, refere o sindicado.Para
o STTAMP, “não é de todo inteligível que a TAP possa sequer conjeturar
um plano operacional de reativação desta natureza, ignorando os 13
milhões de passageiros movimentados pelo Aeroporto do Porto em 2019”.O
sindicato refere que o Aeroporto Francisco Sá Carneiro é “uma
infraestrutura com uma capacidade geográfica de atracão de cinco milhões
de pessoas, onde se inclui o norte de Espanha mas também o centro do
país, uma vez que 25% dos passageiros que utilizam o Aeroporto do Porto
se encaminham para zonas a sul da região”.O
STTAMP nota que “o turismo do Porto e Norte tem vindo a desenvolver um
trabalho de articulação com outras organizações nacionais e
internacionais no sentido de criar iniciativas e desenvolver campanhas
de promoção que dinamizem a retoma de um setor que tanto tem dado ao
país”.“A componente do transporte aéreo é
indubitavelmente uma pedra chave deste sucesso. A utilização dos
transportes coletivos terrestres por um número cada vez maior de pessoas
que visitam o nosso país em lazer é também um facto absolutamente
incontornável”, observa o STTAMP.O Governo
está a analisar a eventual concessão de apoios públicos à TAP, para
assegurar a sua continuidade, segundo o relatório e contas da empresa
pública Parpública, que detém 50% da companhia aérea.Atualmente,
a TAP tem a sua operação suspensa quase na totalidade e, no âmbito das
medidas de apoio às empresas impactadas pela pandemia de covid-19 na
economia, recorreu ao 'lay-off' simplificado dos trabalhadores.Na
quinta-feira, em entrevista à RTP, o primeiro-ministro recusou-se a
colocar já na agenda qualquer revisão do plano estratégico da TAP e
adiantou que o Governo vai aguardar pelo quadro europeu de medidas para o
setor da aviação civil.Desde 2016 que o
Estado (através da Parpública) detém 50% da TAP, resultado das
negociações do Governo de António Costa com o consórcio Gateway (de
Humberto Pedrosa e David Neeleman), que ficou com 45% do capital da
transportadora.Os restantes 5% da empresa estão nas mãos dos trabalhadores.O
Estado tem administradores no Conselho de Administração da empresa
(administradores não executivos), sendo os administradores da Comissão
Executiva nomeados pelos acionistas privados.