Trabalhadores dos portos dos Açores em greve entre quarta-feira e 14 de setembro
25 de ago. de 2020, 14:25
— Lusa/AO Online
O presidente do SNTAP, Serafim Gomes, declarou
hoje à agência Lusa que existe uma “hostilidade pronunciada” da empresa
pública Portos dos Açores relativamente a “alguns profissionais e
trabalhadores”, referindo-se ao pessoal marítimo, além de uma “falta de
consideração e de tratamento na organização do trabalho”.O
sindicalista lamenta que nas vésperas do arranque da greve “não se
tenha visto por parte de nenhuma entidade pública qualquer intenção de
aproximação e de diálogo” para tentar encontrar soluções para evitar a
paralisação. Serafim Gomes aponta que “há
situações que se arrastam há muito tempo” nos portos dos Açores, como é
caso do porto da Praia da Vitória, com a “utilização de pessoal que não é
marítimo a desempenhar essas funções, como da Marinha”.É um caso que se arrasta “há muitos anos e que se tem tentado resolver de forma pacífica", de acordo com o dirigente sindical.“Em
muitos casos, os trabalhadores da administração portuária, da Portos
dos Açores, estão disponíveis e ficam a assistir às manobras feitas com
uma lancha, que é património da empresa pública, tripulada por pessoal
da Marinha”, afirma o sindicalista.No
pré-aviso de greve, o SNTAP declara greve à prestação de trabalho em
relação “a todas e quaisquer operações e atividades em que possam ou
devam intervir, além do período normal de trabalho diário de oito horas e
do período normal de trabalho semanal de 40 horas”.A
estrutura sindical refere que “apenas serão praticados períodos de
trabalho de oito horas, de segunda a sexta-feira, entre as 08:00 e as
24:00, não havendo assim lugar a qualquer prolongamento ou antecipação”,
sendo que “também não serão efetuados serviços marítimos interilhas,
independentemente do modo de transporte a utilizar pelos trabalhadores”.O
sindicato aponta como outras razões para a paralisação dos
trabalhadores portuários a “ausência de verdadeiras escalas, quer para
trabalho normal, quer para trabalho extraordinário, designadamente no
setor marítimo do porto de Ponta Delgada”, a “incorreta contabilização
de horas de trabalho prestadas para além do horário normal de trabalho”,
a par do “desconto indevido e abusivo de alegadas folgas na bolsa de
horas de compensação”.O SNTAP denuncia que
existe um “tratamento reiterado, discriminatório e de claro
favorecimento” entre trabalhadores do mesmo grupo profissional e no
exercício das mesmas funções e o “recurso e manutenção indevida de
contratos de trabalho a prazo, de trabalhadores em funções de caracter
permanente”.Durante o período de greve, os
portos dos Açores “poderão funcionar plenamente cinco dias por semana e
entre as 08:00 e as 24:00 de cada dia (16 horas/dia)”, sendo
“assegurados os serviços marítimos de segurança aos navios aquando da
carga/descarga de combustíveis ou gás, bem como intervenções em
situações de eventuais emergências relacionadas com segurança”.