Trabalhadores dos matadouros criticam carreira proposta pelo Governo dos Açores
19 de jun. de 2024, 16:34
— Lusa
“Como
é possível fazerem uma proposta que deixa de fora muita gente que
contribuiu, e muito, para o matadouro ser hoje o que é?”, questionou Rui
Teixeira, funcionário do Matadouro de Ponta Delgada, durante uma
audição parlamentar na Comissão de Política Geral do parlamento
açoriano, em Ponta Delgada.Segundo
explicou, o executivo de coligação (PSD/CDS-PP/PPM) elaborou a proposta
de regime especial dos trabalhadores dos matadouros ouvindo apenas os
sindicatos representativos do setor, mas “sem ouvir os trabalhadores”
que se queixam, agora, das “injustiças e discrepâncias” que a nova
legislação irá provocar.“O ordenado mínimo
está sempre a aumentar, mais do que os restantes ordenados médios, e os
trabalhadores não progridem nas carreiras, ficando, muitas vezes,
abaixo do próprio ordenado mínimo”, acrescentou Sérgio Pinheiro, outro
dos funcionários ouvido pelos deputados, que considera ser “uma
injustiça” que profissionais “com 15 ou 20 anos de serviço” continuem a
receber “apenas o ordenado mínimo”.Também
presente na audição da Comissão de Política Geral, Luís Cardoso, técnico
superior no Matadouro de Ponta Delgada, lamentou que os trabalhadores
mais antigos sejam também os mais prejudicados.“Essa
proposta de decreto legislativo regional beneficia, e bem, os novos
trabalhadores da rede regional de abate, mas não teve em consideração os
trabalhadores com muitos anos de casa, criando injustiças como aquelas
que já foram faladas aqui pelos meus colegas”, realçou aquele
profissional.A proposta do Governo
Regional que altera as carreiras dos trabalhadores dos matadouros dos
Açores ainda não subiu a plenário para discussão e votação, mas já
provocou a contestação do setor.Na altura
em que a proposta foi aprovada em Conselho de Governo, em abril passado,
o executivo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro
justificou esta alteração com o facto de os matadouros da rede regional
de abate “terem uma interação direta com a agricultura açoriana, visando
garantir o abastecimento do mercado regional”.“É
necessário dotar a rede regional de abate de uma estrutura que não só
seja coerente com o processo de certificação, de acordo com as normas em
vigor na União Europeia e no país, como também dê resposta às questões
ambientais que neste setor se colocam com alguma premência”, adiantava,
na altura, o Governo.O executivo referia
também que será “legalmente reconhecido” aos trabalhadores da carreira
de assistente operacional, assistente técnico e técnico superiores
afetos aos matadouros da rede regional de abate o direito à atribuição
de um suplemento remuneratório designado por subsídio de risco.