Trabalhadores das Misericórdias em greve a 8 de agosto e com protestos semanais
24 de jul. de 2025, 15:37
— Lusa/AO Online
Um
grupo de 16 trabalhadores e delegados sindicais das Misericórdias
estiveram hoje à porta do Ministério do Trabalho, Solidariedade e
Segurança Social (MTSSS), em Lisboa, em protesto por a União das
Misericórdias ter desmarcado na quarta-feira e adiado para setembro a
reunião de hoje, em sede de conciliação, de negociação salarial.Em
declarações à agência Lusa, Célia Lopes, dirigente sindical do
Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de
Portugal (CESP) adiantou que foram recebidos por dois assessores dos
secretários de Estado do Trabalho e da Ação Social e da Inclusão, a quem
explicaram o problema com a União das Misericórdias (UMP).“Este
problema não se tem colocado nas restantes IPSS, coloca-se nas
Misericórdias porque há um histórico de tentativa de retirada de
direitos aos trabalhadores e de não revisão regular da contratação
coletiva”, apontou a sindicalista, segundo a qual a UMP continua sem
apresentar proposta de atualização da tabela salarial para 2025, apesar
de estar a terminar o mês de julho e de já ter sido feita a revisão dos
protocolos de cooperação, com retroativos a janeiro.Célia
Lopes questiona, por isso, por que motivo o Estado atualiza o valor que
transfere para o setor social sem garantir que as instituições se
comprometem com a respetiva revisão da contratação coletiva.Acrescentou
que foram entretanto informados “que brevemente vão iniciar-se os
processos para a revisão para 2026 e os trabalhadores das misericórdias
ainda não viram os seus salários atualizados em 2025”.A
responsável disse também que o CESP defende a uniformização das
condições de trabalho dos trabalhadores do setor social, uma vez que o
financiamento é igual para UMP, Confederação das Instituições
Particulares de Solidariedade Social (CNIS) ou União das Mutualidades
Portuguesas.“Se o financiamento é igual,
as condições de trabalho têm que ser similares. Não faz sentido que
trabalhadores no setor social, em igualdade de circunstâncias,
dependendo da unidade em que trabalham, recebam em média 30% abaixo”,
criticou, dando como exemplo que as Instituições Particulares de
Solidariedade Social (IPSS) tenham atualizações salariais desde 2017.Nesse
sentido, explicou que uma das exigências do CESP é que se mantenha em
vigor a portaria de extensão de 2022 que veio implementar essa
uniformização e que, segundo a sindicalista, a União das Misericórdias
recusa cumprir.“Fomos, aliás,
surpreendidos em julho, no dia 11 de julho, com a emissão de um aviso
por parte do Ministério, que o publicou no Boletim de Trabalho e
Emprego, que pretende revogar a tal portaria de 2022 que vem uniformizar
por cima as condições de trabalho, com o mesmo argumento que pretendem
uniformizar nas misericórdias”, adiantou.Acrescentou
que explicaram aos assessores dos dois secretários de Estado que se o
Ministério do Trabalho for avante com essa decisão “será responsável por
haver milhares de trabalhadores das Misericórdias que nos próximos
dois, três anos não têm qualquer aumento de salário”.Para
o CESP, essa é uma decisão “completamente inaceitável”, razão pela qual
decidiram que irão manifestar-se todas as semanas para a porta do
Ministério do Trabalho “até que o Governo resolva de facto o problema” e
entregar pré-aviso de greve para o dia 08 de agosto para todos os
trabalhadores das Misericórdias e da União das Misericórdias.Célia
Lopes disse que os trabalhadores querem “respostas concretas da senhora
ministra [do Trabalho]”, uma vez que se a portaria do Governo entrar em
vigor haverá “um retrocesso muito grande, uma retirada efetiva direta
aos trabalhadores”.