Trabalhadores da base das Lajes dispensados podem avançar para tribunal
6 de dez. de 2019, 18:18
— Lusa/AO online
“Ao
abrigo do acordo [laboral], uma trabalhadora já apresentou queixa.
Estamos à espera da resposta e depois, consoante esta situação, existe a
forte possibilidade de se recorrer ao tribunal”, adiantou o coordenador
da USAH e do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias
Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios
e Serviços, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT), Vítor Silva, em
conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo. Em
causa estão 13 trabalhadores com contratos a termo ao serviço das
Feusaçores (forças norte-americanas destacadas na base das Lajes), que
renovaram contratos por vários anos e que estão a ser informados de que
deixarão de prestar serviços à entidade no final do contrato atual. Muitos
destes 13 funcionários já foram informados de que os seus contratos não
serão renovados e dois foram dispensados, incluindo uma trabalhadora a
contrato desde 2001 e outro que trabalhava no local há cerca de três
anos. Segundo Vítor Silva, estes casos são
“extremamente complicados”, mas o sindicato está já a preparar a defesa
desta trabalhadora dispensada ao fim de 18 anos a contrato, para o caso
de a situação chegar ao tribunal. “Podemos
ter aqui uma situação diferente. Pelo facto de a trabalhadora ter sido
despedida e já não fazer parte do contingente a queixa [à entidade
patronal] pode vir a não ser aceite. Ficaremos perante uma situação
nova”, avançou. Numa conferência de
imprensa conjunta, o sindicato e a Comissão Representativa dos
Trabalhadores (CRT) portugueses ao serviço da Feusaçores anunciaram uma
união de “meios e esforços” para dar respostas “mais céleres, eficazes e
abrangentes” aos problemas dos trabalhadores da base das Lajes.“É
um compromisso que assumimos publicamente, o de desenvolver uma ação e
intervenção constante, de forma a contribuir para a dignificação dos
trabalhadores portugueses da base das Lajes”, afirmou Vítor Silva.Segundo
a presidente da CRT, Diana Sousa, a situação destes funcionários
arrastou-se durante anos sem que tenham apresentado queixas, “porque
tinham alguma esperança de voltar”.A líder
da CRT adiantou que “estão a fechar serviços dentro da base” por falta
de funcionários, mas referiu que estão também a abrir vagas para
substituir os trabalhadores dispensados. “Aqueles
serviços são necessários. Numa das secções de uma senhora que já foi
dispensada continuam a contratar pessoas temporariamente. Há outra
senhora que foi contratada para fazer o mesmo serviço”, revelou. Sindicato
e CRT vão solicitar reuniões com forças políticas e representantes dos
Açores na Comissão Laboral e na Comissão Bilateral Permanente entre
Portugal e os Estados Unidos da América (EUA), para alertar para esta
situação e para “responsabilizar os decisores políticos”.“O
SITACEHT, a USAH, a CRT e os trabalhadores da base das Lajes defendem e
exigem uma ação e intervenção muito mais decididas e empenhadas das
entidades nacionais e regionais na situação laboral da base das Lajes e
tomarão todas as diligências, de forma a contribuir para a dignificação
dos trabalhadores portugueses das Feusaçores”, frisou o coordenador do
SITACEHT. Vítor Silva defendeu que o
Governo da República deve intervir e exigir o cumprimento do regulamento
de trabalho na base das Lajes, alegando que "não é aceitável que um
Estado estrangeiro venha impor precariedade no Estado português".“Estas
pessoas, enquanto esta situação não se resolver, vão ficar com as suas
vidas suspensas. Mais do que uma questão de direitos, estamos a falar de
uma questão moral. É obrigação do Estado português tomar medidas para
que estas pessoas efetivamente ocupem aqueles postos de trabalho, porque
desempenharam uma função permanente”, sublinhou.