Trabalhadores da Azorina preocupados com anunciada extinção da empresa açoriana
17 de dez. de 2020, 16:36
— Lusa/AO Online
"O nosso
objetivo foi demonstrar as nossas preocupações, na sequência do anúncio
de extinção da Azorina, que foi feito na semana passada. Como é uma
empresa com sede na ilha do Faial, achámos por bem recorrer ao
presidente da Câmara da Horta e pedir a sua ajuda", explicou aos
jornalistas Sara Oliveira, uma das trabalhadoras da empresa, no final da
reunião com o autarca socialista.A
funcionária lamentou que nenhum membro do novo Governo Regional,
liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, tenha falado com os
trabalhadores desde que anunciou, no início do debate do Programa do
Governo, na passada semana, que pretendia extinguir a Azorina."Esperamos
agora para saber o que nos vai ser transmitido, por parte do senhor
secretário e do senhor presidente do Governo, porque, até agora, não
tivemos qualquer informação da parte deles", insistiu Sara Oliveira.O
secretário regional das Finanças do novo executivo, de coligação PSD,
CDS e PPM, Bastos e Silva, revelou que o Governo pretende reduzir o peso
do setor público empresarial regional e que vai extinguir a Azorina, a
SDEA - Sociedade de Desenvolvimento Empresarial dos Açores, e a Sinaga,
transferindo os trabalhadores para a Administração Regional."Não
nos foi dito em que moldes nem quais os trabalhadores que serão
transferidos", adiantou Sara Oliveira, recordando que a Azorina (empresa
que gere os centros interpretativos dos Açores), tem um quadro de
pessoal de 206 funcionários, 76 dos quais só na ilha do Faial, metade
deles em programas ocupacionais.O
presidente da Câmara da Horta, José Leonardo Silva (PS), lamentou, em
declarações aos jornalistas no final da reunião, que o Governo Regional
tenha anunciado a extinção da empresa, sem antes comunicar essa
informação aos próprios trabalhadores."Foi
um anúncio feito num lugar importante, que é a Assembleia Regional, mas
foram completamente esquecidos os trabalhadores. Não se pode fazer um
anúncio a dizer que se vai despedir uma pessoa ou encerrar uma empresa,
sem primeiro informar os trabalhadores", criticou o autarca socialista.O
presidente do município lamentou também que o executivo de direita
tenha feito passar a ideia errada de que os trabalhadores da Azorina
"ganham muito", quando na realidade "auferem um ordenado bruto médio de
880 euros"."Deduzo que o Governo, para
anunciar isto, deve ter um estudo, que deve ser tornado público, porque
ninguém toma a decisão de encerrar uma empresa sem ter por base um
estudo e é isso que nós vamos solicitar ao Governo", adiantou José
Leonardo Silva.O autarca não escondeu
também a sua insatisfação por aquilo que diz ser uma tentativa de
esvaziamento político do Faial, por parte do novo executivo de direita."Um
presidente de câmara não pode ficar satisfeito quando lhe querem
encerrar uma empresa no seu concelho, uma empresa que tem um impacto
brutal, sem saber em que condições isso será feito", insurgiu-se o
presidente da Câmara da Horta, adiantando que "o esvaziamento do Faial
começa assim".