Trabalhadores da Atlânticoline suspendem greve depois de alcançarem aumento salarial de 13%
15 de mar. de 2022, 15:02
— Lusa/AO Online
“Nunca
pedimos nada que fosse ilegal. Os trabalhadores tinham três anos sem
aumentos. Já tinham tido 10 anteriormente, por força dos cortes do
Orçamento de Estado a partir de 2010 e, portanto, tinham uma perda
substancial nos seus ganhos”, afirmou, em declarações à Lusa, o
dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências
de Viagens, Transitários e Pesca (SIMAMEVIP), Clarimundo Baptista.Segundo
o dirigente sindical, o acordo alcançado, esta segunda-feira, com a
administração da empresa, que põe fim a três anos de negociações, prevê
um aumento salarial “na ordem dos 13%”.“Estava em causa um aumento considerável para satisfazer as necessidades de quem trabalha”, sublinhou.Desde
dezembro que os trabalhadores da Atlânticoline estavam em greve, mas
foi com a eleição de um novo vogal para a administração da empresa, na
passada quinta-feira, que foi possível chegar a acordo.O
dirigente sindical destacou a intervenção no processo negocial do
presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel
Bolieiro, que considerou “essencial para desbloquear esta situação”.Clarimundo
Baptista revelou que durante uma semana houve uma “negociação séria” e
com “transparência”, alegando que “foi fácil dialogar”, uma vez que
ambas as partes estabeleceram metas.“O sindicato cedeu a algumas das suas exigências e a empresa veio ao encontro da posição do sindicato”, afirmouO novo vogal da empresa, Francisco Bettencourt, realçou também que houve abertura de ambas as partes nas negociações.“Quando remam todos para o mesmo lado, chega-se a um acordo”, frisou, em declarações à Lusa.Segundo
Francisco Bettencourt, foi possível chegar a acordo “em algumas
matérias que eram importantes para o sindicato”, mas “ficou o
compromisso entre as partes” de se voltarem a sentar à mesa das
negociações “brevemente” para discutir outras matérias.“Falta
ajustar mais o acordo empresa [AE] à atividade. Temos uma atividade que
é muito específica, num horário específico, e o AE estava feito para
uma altura em que a atividade era menor e, portanto, urge ajustar estas
matérias às novas condições da atividade da empresa, até pelo serviço
público que presta”, explicou.O
administrador adiantou ainda que “as tabelas salariais ficaram definidas
para três anos, independentemente de poder haver acertos futuros nas
outras carreiras que não foram sinalizadas nesta fase”.“É
importante, até porque temos uma empresa para gerir, que haja um acordo
de médio prazo. Isso foi alcançado e congratulo-me com essa parte. O
sindicato foi sensível a isso”, salientou.Questionado
sobre o impacto financeiro da greve, que decorria desde dezembro,
Francisco Bettencourt admitiu que houve prejuízos, mas disse que o
levantamento não estava feito.Segundo o
administrador, a operação da Atlânticoline já retomou a normalidade e
desde a passada quinta-feira, dia em que tomou posse, que não houve
cancelamentos de viagens, numa “prova de boa-fé” do sindicato.A
Atlânticoline, que assegura o transporte marítimo de passageiros e
viaturas, durante todo o ano, entre as ilhas do Triângulo (São Jorge,
Pico e Faial), movimenta anualmente mais de meio milhão de pessoas.Segundo dados revelados pela empresa, a greve provocou o cancelamento de 26% das viagens em janeiro e de 15,3% em fevereiro.O
presidente da administração da Atlânticoline, Carlos Faias, deixou a
empresa no final de 2021 e, no final de fevereiro, o administrador Luís
Paulo Morais, que estava a assumir a presidência provisória, cessou
funções, a seu pedido, ficando apenas em funções César Cruz, vogal não
executivo.