Trabalhadores da Atlânticoline ameaçam voltar à greve em maio e julho
30 de abr. de 2018, 06:31
— Lusa/AO Online
"Os
trabalhadores não estão dispostos a sacrificar-se mais", advertiu
Clarimundo Batista, dirigente sindical, em declarações à agência Lusa,
recordando que os marinheiros da empresa "auferem somente 690,10 euros
mensais" e que "estão há dez anos sem qualquer aumento" salarial.Os
trabalhadores da Atlânticoline já tinham efetuado uma primeira greve no
início deste ano, exatamente pelos mesmos motivos, para a paralisação
acabou por ser suspensa, por causa do acidente com um dos navios da
empresa, o "Mestre Simão", que encalhou em 06 de janeiro, no porto da
Madaleno do Pico.Como
a Administração da empresa "nunca chegou, entretanto, a acordo com os
trabalhadores", a respeito dos aumentos salariais, o SIMAMEVIP decidiu
convocar nova paralisação, que coincide com as principais festas das
ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge), entre as quais os navios
da Atlânticoline operam diariamente.O
pré-aviso lançado pelo sindicato inclui, cirurgicamente, as Festas do
Espírito Santo (20 a 23 de maio), a Semana Cultural das Velas (05 a 08
de julho), as Festas da Madalena (20 a 22 de julho), o Cais Agosto (27 a
29 de julho), as Festas do Senhor Bom Jesus Milagroso (06 de agosto) e a
Semana do Mar (10 a 12 de agosto), num total de 18 dias de greve."As
autarquias apostam em cabeças de cartaz para as suas festas, para
dinamizar a economia local", reconhece Clarimundo Batista, que admite
que esta greve terá impactos negativos, "não apenas para a empresa", mas
também para a economia destas ilhas e para as suas populações,
ressalvando, porém, que foi a Atlânticoline que "empurrou os
trabalhadores" para esta situação.Aquele
dirigente sindical diz estar disponível, até à última da hora, para
negociar uma revisão do acordo da empresa, desde que a administração da
transportadora marítima esteja disposta a negociar."Até
cinco minutos antes de se iniciar a greve, nós estamos dispostos, mas
queremos uma proposta vinculativa", alertou Clarimundo Batista, que não
se mostrou interessado em voltar à mesa das negociações se a
Atlânticoline não avançar com uma contra-proposta concreta.Entretanto,
vão ser determinados, por um tribunal arbitral, os serviços mínimos que
os trabalhadores terão de cumprir nos dias de greve.