Trabalhadores da açoriana Atlânticoline iniciaram hoje quatro dias de greve
5 de jul. de 2018, 14:36
— Lusa/AO Online
"Temos
que forçar a empresa a sentar-se à mesa das negociações e a aceitar
aumentos salariais", disse à Lusa o dirigente sindical, acrescentando
que a administração da empresa "tem de dar resposta às propostas"
apresentadas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante,
Agências de Viagens, Transitários e Pescas (SIMAMEVIP).Frederico
Pereira lamentou, por outro lado, que a Atlânticoline se tenha mostrado
"intransigente" na sua posição de só aceitar uma revisão do Acordo de
Empresa, desde que seja implementado um "sistema de progressão de
carreiras", indexado a uma avaliação de desempenho, solução já rejeitada
pelos trabalhadores."O
sindicato tem insistido que a avaliação existente, decorrente de
obrigações nacionais e internacionais, designadamente no que respeita
aos trabalhadores marítimos, é mais do que suficiente", recordou o
dirigente sindical, que rejeita também "qualquer tipo de avaliação que
conduza a discriminações salariais".Contudo,
o presidente do Conselho de Administração da Atlânticoline, Carlos
Faias, diz que se há alguém que está a promover "discriminações
salariais" é o SIMAMEVIP, que reivindica um aumento salarial de 15% para
os marinheiros e de apenas 2% para os restantes trabalhadores da
empresa."Consideramos
que um aumento de 15% é completamente desproporcionado, não se
enquadra, minimamente, naquilo que é a capacidade de encaixe financeiro
da empresa e, por outro lado, vai criar um fosso enorme para outras
classes, que são semelhantes", alertou o administrador da Atlânticoline.Segundo
Carlos Faias, o aumento salarial proposto pelo sindicato, teria um
impacto financeiro nas contas da empresa na ordem dos 900 mil euros/ano,
valor que considerou ser "incomportável".Apesar
dos impactos económicos que a greve poderá ter, sobretudo ao nível
turístico, nesta altura do ano, a administração da Atlânticoline espera
que a operação da linha amarela (assegurada com os navios alugados e de
maior dimensão), possa funcionar como alternativa aos navios que fazem
as ligações entre as ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge)."Tínhamos
já previsto, na nossa atividade, na operação sazonal com a linha
amarela, um conjunto de ligações, que se vão manter como alternativa"
neste período de greve, explicou Carlos Faias, ressalvando que não se
trata de nenhum reforço da operação, mas apenas dos horários já
programados.Frederico
Pereira lembra, no entanto, que a Atlânticoline "não pode reforçar" a
sua operação durante esse período de greve, sob pena de infringir a lei."A
lei é muito clara quanto a esta situação! A partir do momento que seja
declarada greve, não é permitido à empresa substituir os trabalhadores
em greve, nem colocar novos equipamentos, para substituir os
equipamentos existentes", insistiu o dirigente sindical.A
paralisação de quatro dias anunciada pelo SIMAMEVIP coincide com as
festas da Semana Cultural das Velas, em São Jorge, estando previstas
mais quatro períodos de greve, em julho e agosto, que coincidem também
com outras festividades (Festas da Madalena, Cais Agosto, Semana do Mar e
Festas do Senhor Bom Jesus).Enquanto
durar este braço de ferro, o tribunal arbitral decretou serviços
mínimos que têm de ser cumpridos pelos trabalhadores, que incluem a
realização de três viagens por dia, na linha Azul, entre Horta e
Madalena, e uma viagem por dia na Linha Verde, entre Faial, Pico e São
Jorge.A Atlânticoline transporta anualmente cerca de 500 mil passageiros entre estas três ilhas.