Trabalhadores a termo na base das Lajes integrados ou com contratos melhorados
2 de jul. de 2020, 13:03
— Lusa/AO Online
“Houve dois
trabalhadores que foram mesmo despedidos e estes voltaram a ser
integrados e houve mais três em que foi comunicado que no início do ano
iriam deixar de exercer funções. Dois desses também passaram ao quadro
permanente e todos os outros continuam a exercer funções”, afirmou o
coordenador da USAH e do Sindicato das Indústrias Transformadoras,
Alimentação, Comércio e Escritórios, Hotelaria e Turismo (SITACEHT) dos
Açores, Vítor Silva, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.No
final de 2019, dois funcionários com contrato a termo ao serviço das
Feusaçores (forças norte-americanas destacadas na base das Lajes), na
ilha Terceira, foram dispensados.Na
altura, a Comissão Representativa de Trabalhadores (CRT) e o sindicato
alertaram para o facto de existirem outros 11 funcionários com contratos
a termo, que temiam igual desfecho, alegando que alguns desses
trabalhadores exerciam funções há quase duas décadas.Segundo
o sindicalista, pelo menos cinco pessoas tinham já assinado vários
contratos a termo seguidos e estavam em condições, de acordo com o
regulamento de trabalho em vigor, para integrar o quadro.Quatro
funcionários foram já integrados e os restantes, ainda que permaneçam
com contratos a termo, deverão passar a ter horário completo.“Estamos
a trabalhar no sentido de encontrar a melhor solução. Em alguns casos,
há soluções que já são positivas. Uma coisa é estar contratado à hora e
ser chamado por telefone para desempenhar funções, outra coisa
completamente diferente é saber que tem contrato por seis meses, ou por
nove meses, ou por um ano e vai trabalhar oito horas por dia”, apontou
Vítor Silva.O dirigente da USAH e do
SITACEHT reconheceu o empenho de várias entidades na resolução destes
casos, destacando o trabalho desenvolvido pela Comissão Representativa
dos Trabalhadores e a “atenção, compreensão e influências diplomáticas
desenvolvidas” pelo representante da República para a Região Autónoma
dos Açores, Pedro Catarino.Em 2015 e 2016,
mais de 400 trabalhadores portugueses da base das Lajes assinaram
rescisões por mútuo acordo, na sequência da redução do efetivo
norte-americano de 650 para 165 militares.A
administração norte-americana comprometeu-se, na altura, a manter 417
postos de trabalho para portugueses com contrato sem termo.Segundo
Vítor Silva, esse número foi ultrapassado com a integração destes
quatro funcionários que estavam com contratos a termo, passando agora a
existir 421 funcionários portugueses no quadro das Feusaçores.“Com
a entrada destes trabalhadores para o quadro, ultrapassou-se esse
contingente, o que quer dizer que deixou de haver um contingente máximo e
isso é extremamente importante”, frisou.Ainda
assim, o sindicalista reivindica a contratação de mais funcionários,
alegando que “não houve redução de trabalho, mas unicamente de pessoal”.“Um
trabalhador português neste momento está a desempenhar as funções que
eram desempenhadas anteriormente por três trabalhadores portugueses. Há
capacidade para aumentar significativamente o número de trabalhadores
portugueses na base das Lajes”, salientou.A
União de Sindicatos de Angra do Heroísmo defende a criação de um
contingente mínimo de 450 funcionários, sublinhando que “os postos de
trabalho são a única contrapartida efetiva pela utilização da base das
Lajes por parte dos norte-americanos”.Por
outro lado, reivindica a aplicação da legislação laboral portuguesa aos
funcionários das Feusaçores e a consagração de prazos de resposta em
caso de conflito, para que os trabalhadores possam recorrer em tempo
útil às instâncias judiciais.