Trabalhadoras de conserveira de Rabo de Peixe pedem melhores condições salariais
4 de dez. de 2024, 12:10
— Lusa/AO Online
A
concentração, iniciada pelas 09h30, foi
organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias
Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios
e Serviços, Hotelaria e Turismo, Transportes e Outros Serviços dos
Açores (SITACEHTT/Açores) para defender a progressão na categoria
profissional de manipuladora, por um acordo de empresa digno, pelo
aumento dos salários, do subsídio de alimentação e das diuturnidades e
pela melhoria dos direitos laborais.“Esta
concentração vem depois de um ano intenso de luta em que as
trabalhadoras da Cofaco, por várias vezes, demonstraram o seu
descontentamento, nomeadamente com a progressão nas categorias
profissionais”, disse à agência Lusa o presidente do SITACEHTT/Açores,
Vítor Silva.Segundo o dirigente sindical,
“cerca de 85% dos trabalhadores da Cofaco entram para a empresa a ganhar
o salário mínimo e passados 30, 40 e mais de 40 anos, continuam a
ganhar o salário mínimo”.Uma situação que,
acrescentou, acaba por ter consequências em relação às reformas, porque
“vão ser de acordo com os descontos que as pessoas fazem”.“Depois,
até do ponto de vista pessoal e profissional, trata-se de uma questão
de dignidade”, disse o sindicalista, referindo que a unidade conserveira
produz “das melhores marcas” em Portugal e “não é nem reconhecida a
categoria profissional, nem é recompensado o trabalho do ponto de vista
salarial”.A luta já não é nova e as
trabalhadoras pretendem continuar a manifestar o descontentamento com a
situação que Vítor Silva considera que “deve envergonhar” a região, “até
do ponto de vista político”.“É preciso
dizer que muitas destas trabalhadoras da Cofaco, mesmo tendo um posto de
trabalho permanente, vivem abaixo do limiar da pobreza”, afirmou.Lúcia
Botelho, de 53 anos, que trabalha há 39 anos na empresa, disse à Lusa
que aquilo que ganha “não dá para a vida”, lembrando que este ano o
subsídio de alimentação foi aumentado 30 cêntimos que “não dá sequer
para comprar um pão”.Por sua vez, Graça
Vieira, 50 anos, há 29 anos na Cofaco, disse que as trabalhadoras “pedem
melhores condições” e que termine a negociação da revisão das carreiras
profissionais, mas augura que “não há fim, porque não há boa vontade da
parte da empresa”.“Aqui não se valoriza ninguém”, lamentou a mulher, garantindo que a luta “vai continuar”.Já
Maria Fernanda Dias, de 65 anos, que trabalha há 29 anos na
conserveira, lamentou que esteja a receber “sempre a mesma coisa” e que o
trabalho “seja mais”.Durante a
manifestação, as trabalhadoras exibiram cartazes e tarjas com mensagens
como “Mais salário! Melhores pensões!”, “Não queremos empobrecer a
trabalhar”, “Merecemos um subsídio de alimentação justo”, “Merecemos que
nos respeitem” e “Lutar, lutar contra quem nos quer roubar”.Foram
ainda escutadas várias palavras de ordem, como “A luta continua, agora é
na rua” e “Cofaco escuta, trabalhadores estão em luta”.A
empresa conserveira de Rabo de Peixe tem mais de 200 trabalhadores e
cerca de 90% são mulheres, de acordo com o SITACEHTT/Açores.A Lusa procurou obter uma posição da empresa Cofaco sobre as reivindicações das trabalhadoras, mas sem sucesso até ao momento.