Trabalhadoras da Cofaco de São Miguel queixam-se de “pressão e assédio moral”
10 de ago. de 2021, 15:18
— Lusa/AO Online
Em
comunicado, as trabalhadoras da conserveira Cofaco, dona da Bom
Petisco, dizem que estão “proibidas de falarem e de se cumprimentarem no
local de trabalho e no refeitório” e que são “constantemente ameaçadas
com a instauração de processos laborais e despedimentos”.As
profissionais referem-se a um “ambiente tóxico, que veio aumentar
significativamente o número de baixas e depressões nas trabalhadoras da
‘linha da frente’” e dizem “viver e trabalhar num cenário de enorme
pressão e assédio por parte das chefias”.Os
relatos mencionam ainda que estas mulheres são “impedidas de ir à casa
de banho durante horas” e “quando são autorizadas a ir o tempo é
controlado pelas chefias, que ficam no lado de fora da casa de banho”.“Os
processos disciplinares infundados, injustos e persecutórios são
constantes e sucedem-se mensalmente, sendo avaliados fora do seu
contexto real”, prossegue o comunicado.Mas
o documento começa por lamentar a inação do Sindicato dos Trabalhadores
de Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares,
Comércio, Escritórios e Serviços de Hotelaria e Turismo (SITACEHT).“As
trabalhadoras da Cofaco dizem-se alvo de pressão e assédio moral há
anos e, apesar das sucessivas e inúmeras queixas aos responsáveis do
sindicato SITACEHT, Vítor Silva e Isaura Amaral, a situação tem vindo a
piorar assombrosamente sem que o sindicato reaja e as defenda”, lê-se.O
coordenador Vítor Silva é acusado de estar “mais preocupado em aparecer
na comunicação social e defender as trabalhadoras da Cofaco do Pico,
que fechou há anos [em maio de 2018], nada fazendo pelos mais de 300
trabalhadores da Cofaco de São Miguel”.Já
Isaura Miguel, “responsável pelo SITACEHT em São Miguel e Coordenadora
da União de Sindicatos de São Miguel e Santa Maria, limita-se a acalmar
as trabalhadoras que lhe ligam todos os dias ao final do dia”.No
documento remetido na segunda-feira à noite, as trabalhadoras lamentam
que, “sob o pretexto da pandemia”, o sindicato tenha deixado de realizar
plenário naquela fábrica.Em
declarações à Lusa, Vítor Silva afirmou que “o sindicato continua a
desenvolver o seu trabalho, aliás, está a negociar um processo de
contrato coletivo de trabalho com a Cofaco, e tem atuado, quer junto da
empresa, sobre algumas queixas que têm sido apresentadas, quer junto da
Inspeção Regional do Trabalho (IRT)”.Isaura
Amaral confirma que tem tomado diligências junto da administração da
empresa, com quem mantém diálogo, e remetido os assuntos que não são
resolvidos por essa via para a IRT.“Estou
admiradíssima com este comunicado. Não corresponde à verdade. Temos
estado muito perto com as trabalhadoras”, afirmou a sindicalista.A
responsável explicou que os plenários deixaram de acontecer na fábrica
devido ao plano de contingência da conserveira, já que “são bastantes
trabalhadores”, mas garante que tem tido “muito contacto com as
trabalhadoras”, através das delegadas sindicais.“Temos feito, todos os meses, reuniões na própria União de Sindicatos com as delegadas do sindicato”, assegurou.Sobre as denúncias de assédio moral relatadas, Isaura Amaral disse que “há problemas”, mas garantiu que estão a ser tratados.