Todos os dias há cinco queixas de alunos vítimas de 'bullying'
15 de out. de 2019, 16:42
— Lusa/AO online
A
polícia recebeu 1.898 queixas de ‘bullying’ ocorridas em ambiente
escolar: 1.285 diziam respeito a ofensas corporais e as restantes 613
eram relativas a injúrias e ameaças. Os
números foram avançados à agência Lusa pelo comissário João Moura, do
gabinete de imprensa da Direção Nacional da PSP, que acredita que os
casos reais de injúrias e ameaças sejam muito superiores às denúncias. “Há
muitas ameaças e coação psicológica que não vêm nas estatísticas”,
lamenta, explicando que muitas vezes as vítimas não denunciam porque não
existe uma agressão física, algo visível.No
dia 20 assinala-se o Dia Mundial de Combate ao Bullying e a PSP,
através das Equipas do “Programa Escola Segura” (EPES), irá lançar uma
“operação” orientada para a prevenção deste tipo de crimes junto dos
alunos do ensino obrigatório.Nos últimos
anos registou-se uma ligeira diminuição de queixas (em 2015/2016
registaram-se 2.015 ocorrências) e o comissário acredita que esta
tendência poderá estar diretamente relacionada com a intervenção da PSP
nas escolas.A presença diária de agentes
em meio escolar fez nascer e até fortalecer relações. Há histórias de
polícias e crianças que se tornaram “amigos e confessores”, sublinha
João Moura, explicando que os agentes passaram a ser vistos como alguém
em quem os estudantes podem confiar e pedir ajuda.A
maioria das denúncias que chegam à polícia parte das próprias vítimas
ou de professores, mas também existe uma rede que tem funcionado no
combate a este crime. Diretores das escolas, professores e restantes
funcionários estão alerta para o fenómeno, saúda o comissário. “Às
vezes, são as auxiliares educativas que ouvem uma conversa no corredor
ou que se apercebessem que algo está mal e alertam a polícia”, lembra.Já
o ‘cyberbullying’ é um processo mais complexo e a polícia vê o fenómeno
como um desafio. Se a maioria dos casos de ‘bullying’ se passa dentro
dos muros da escola ou nas proximidades, o ‘cyberbullying’ tem como
fronteira o ‘mapa mundi’: “Pode acontecer entre alunos de uma escola de
qualquer canto do mundo”.As ameaças de
agressão física são o principal motivo de queixa à polícia, seguindo-se
os casos em que as crianças e jovens são coagidas a aderir a jogos ou
desafios que muitas vezes se revelam perigosos, como aconteceu
recentemente com o fenómeno “baleia azul”, recorda João Moura.Atualmente
também é através das redes sociais que a polícia tenta estar mais
próxima dos mais jovens. No Facebook, a PSP tem 680 mil seguidores e no
Instagram são 85 mil. Às vezes é através destas plataformas que chegam
pedidos de ajuda ou denúncias, revela Joao Moura.O
comissário da PSP vai participar esta semana num debate sobre
‘bullying’ nas escolas que está a ser organizado pela associação
cultural Zero em Comportamento que conseguiu trazer para Portugal a
exibição do filme holandês “Desculpa – Uma história de Bullying” que
será exibido quinta-feira num cinema em Lisboa.João
Moura recorda que o bullying é um crime que não se circunscreve a um
determinado grupo populacional: “É transversal, ocorre entre alunos de
todos os estatutos sociais e económicos”.