Teste do pezinho chega a quatro milhões de bebés desde 1979
20 de jan. de 2023, 18:44
— Lusa
Os dados
constam do relatório de 2021 do Programa Nacional de Rastreio Neonatal
(PNRN), criado em 1979 e que rastreia atualmente 27 doenças, como o
hipotiroidismo congénito, a fibrose quística, a drepanocitose (através
de um estudo-piloto) e outras 24 hereditárias do metabolismo.Segundo
os dados agora divulgados, em 2021, essas patologias foram rastreadas
em 79.217 recém-nascidos e diagnosticados 82 casos positivos, 42 casos
de doenças hereditárias do metabolismo, 35 de hipotiroidismo congénito e
cinco de fibrose quística.Comparativamente
com o ano anterior (2020), foram “rastreados menos 6.239 recém-nascidos
e no total diagnosticados menos 10 casos”, adianta o documento da
autoria da comissão executiva do PNRN.Entre 2011 e 2021, o número de casos positivos detetados tem oscilado entre o máximo de 92 em 2020 e os 55 em 2015.“Um
indicador importante de um programa de rastreio neonatal é a sua taxa
de cobertura, que deve ser universal e estar o mais próximo de 100%. O
PNRN aproximou-se muito rapidamente deste objetivo, sendo de salientar
que, desde 1993, rastreia mais de 99% dos recém-nascidos em Portugal”,
sublinham os responsáveis do programa.O
relatório refere ainda que as colheitas do “teste do pezinho” são
efetuadas na sua grande maioria (87,6%) nos cuidados de saúde primários
do Serviço Nacional de Saúde, “mas tem-se verificado um ligeiro aumento
do seu número nos hospitais privados”, que passaram das 6.931 em 2013
para 9.797 em 2021.Os dados indicam também
que o tempo médio do início do tratamento, após o nascimento, baixou
dos 11,1 dias em 2011 para os 9,3 dias em 2021, “o mais baixo de
sempre”, e que a percentagem de amostras recolhidas ao terceiro dia de
vida passou dos 20% para os 23% nesse período.Para ampliar
o PNRN, em 2021 iniciou-se um estudo-piloto para o rastreio da
drepanocitose, uma doença genética que afeta a produção de hemoglobina e
cuja deteção precoce permite adotar medidas terapêuticas que reduzem a
morbilidade e mortalidade.“Em Portugal, o
fluxo migratório fez com que o peso da doença tenha vindo a aumentar e,
além dos imigrantes provenientes de África e América Latina, também o
Sudoeste asiático tem contribuído para o aumento de imigrantes em
Portugal e consequentemente para a disseminação de hemoglobinopatias,
como é o caso da drepanocitose”, refere o relatório.Em
março de 2021, iniciou-se o rastreio da drepanocitose no Hospital
Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) e, de maio a dezembro desse ano,
nos distritos de Lisboa e Setúbal, foram rastreados 21.731
recém-nascidos e identificados 22 casos da doença.“Todos
os casos positivos do rastreio foram devidamente reportados a um dos
quatro centros de tratamento definidos para avaliação clínica,
confirmação do resultado do rastreio e acompanhamento do doente em
causa”, salienta ainda o relatório.Este
estudo pretende rastrear 100 mil recém-nascidos no espaço temporal de um
a dois anos para determinar a prevalência ao nascimento da
drepanocitose em Portugal.“O “teste do
pezinho” oferece à população o rastreio neonatal de patologias, cujo
diagnóstico precoce permite mudar a história natural da doença
rastreada, transformando uma doença grave e comprometedora da qualidade
de vida da criança e sua família de um modo positivo”, salienta a
comissão executiva do programa.Após a
quebra histórica da natalidade em 2021, Portugal voltou a ultrapassar a
barreira dos 80.000 nascimentos em 2022, ano em que foram estudados
83.436 recém-nascidos no âmbito do PNRN, adiantou o INSA recentemente.