Tenistas Pedro Sousa e Frederico Silva cancelam treinos e cumprem quarentena
Covid-19
18 de mar. de 2020, 13:18
— Lusa/AO Online
Tanto Pedro Sousa, número dois
nacional e 110 do ‘ranking’ mundial, como Frederico Silva, 192.º
colocado na mesma hierarquia, fizeram uma pausa nos treinos diários e
aproveitam para descansar das últimas semanas competitivas, entre as
quais a da Taça Davis.“Regressámos da
Lituânia e treinámos normalmente, mas a partir de quarta-feira começámos
a ter bastantes cuidados e desde sexta-feira que não treino e não
voltei a pegar numa raqueta. Praticamente não saí de casa. Apenas fui ao
supermercado e, de resto, tenho ficado em casa, não só para me
proteger, como também para proteger os outros”, revela o lisboeta à
agência Lusa.Frederico Silva, ao contrário
de Sousa, depois da vitória na Taça Davis, por 4-0, ainda seguiu para o
Cazaquistão para disputar o Challenger Nur-Sultan, mas uma microrrutura
na coxa da perna direita obrigou-o a desistir da segunda ronda e a
regressar a Portugal só no final da última semana.“Não
tenho estado a treinar no campo. Tenho uma lesão na perna e não posso
fazê-lo, pelo menos, durante mais uma semana, mas tenho feito trabalho
físico em casa. Não tenho saído, tenho estado de quarentena. Os ginásios
estão fechados, por isso também só dá para treinar em casa”, conta o
esquerdino das Caldas da Rainha.Perante a
pandemia da Covid-19, o ATP Tour decretou a suspensão do circuito
internacional durante seis semanas, prevendo a retoma para 27 de abril,
altura em que está previsto o início do Estoril Open, e os jogadores
portugueses consideram ser a decisão mais prudente.“Julgo
que estamos todos de acordo que é a decisão mais sensata, embora, para
nós, seja um transtorno grande não jogar. No meu caso, vou tentar
recuperar da lesão o mais rapidamente possível e aproveitar para, assim
que possível, voltar a treinar no ‘court’. Entretanto, trabalho a parte
física para, quando voltar aos torneios, estar em boa forma”, defende
Silva, de 24 anos.Já Pedro Sousa, que
“vinha de várias semanas competitivas bastante cansativas”, diz que a
“paragem é longa, até pode ser maior do que o previsto, e há que
encontrar soluções para manter a forma”, embora a saúde seja o mais
importante.“É difícil, porque praticamente
não podemos sair de casa. Mas vamos arranjar uma solução: ou treinar em
casa ou, quando for seguro, sairei para treinar, mas também não será
fácil, porque quase todos os clubes estão fechados. São seis semanas ou
mais em que não vou ganhar dinheiro, mas a saúde está em primeiro lugar e
não vale a pena queixarmo-nos muito”, acrescenta.O
lisboeta, de 30 anos, lembra, contudo, que os prejuízos e danos
provocados pela Covid-19 não se restringem aos atletas e que é algo
transversal.“A verdade é que todos os
setores vão ser afetados, não sou só eu e os jogadores, é toda a gente.
Por isso, não vale a pena queixarmo-nos. Temos é de nos juntar todos e
fazer o possível para travar a propagação do vírus. Quando tudo estiver
resolvido, logo penso na minha carreira”, justifica Sousa.Frederico
Silva concorda e reconhece que, nesta altura, “não há muito a fazer”, a
não ser cumprir com as recomendações, até porque há determinados
aspetos, como o congelamento do ‘ranking’, que ainda não foram
determinados.“Não havendo torneios, não
podemos pontuar para o ‘ranking’. Não sabemos ainda se vão congelar os
‘rankings’ ou manter o seu normal funcionamento. Há jogadores que têm
muitos pontos a defender e vão descer na hierarquia, porque não os
defendem. E há outros, como eu, que não têm pontos a defender, e vão
perder a oportunidade de somar pontos”, explica, lembrando ainda que os
jogadores “não podem ganhar ‘prize-money’”, o que é mais “um prejuízo
comum a todos.” Atendendo à
imprevisibilidade da pandemia e da retoma do circuito internacional,
Pedro Sousa admite “esperar pelas decisões do ATP para ver como evolui
situação, antes de tomar novas decisões”, enquanto Frederico Silva
coloca a possibilidade de repensar o calendário competitivo.“Não
sabemos se vão ser apenas seis semanas e não sabemos se o ATP vai
juntar mais torneios ao calendário para compensar esta suspensão. O que
tenho pensado é estar bem fisicamente para, assim que voltarmos a
competir, fazer o máximo de torneios possível”, confessa o número quatro
português.