Temperatura média e número de ciclones tropicais está a aumentar nos Açores
25 de out. de 2023, 14:51
— Lusa
“Em
séries de 30 anos, as normais climatológicas, os dados não mentem.
Temos uma subida de um grau centígrado nas temperaturas médias mínimas e
temos o maior número de dias com temperatura acima dos 25 graus”,
realçou José Guerreiro.O presidente do
IPMA falava na conferência internacional “Planclimac Projet Final
Conference - Adaptation and Mitigation to Climate Change”, destinada à
reflexão sobre os impactos das alterações climáticas, no Coliseu
Micaelense, em Ponta Delgada.Segundo os
dados apresentados, a temperatura média anual nos Açores tem vindo a
aumentar, passando de 17,5 graus centígrados (1971-2000) para 17,8 graus
centígrados (1981-2010) e 18,2 graus (1991-2020).O
número de dias com uma temperatura máxima acima de 25 graus centígrados
também tem registado um acréscimo, uma vez que passou de 48,4 dias por
ano (1971-2000) para 52,2 dias (1981-2010) e 60,8 dias por ano
(1991-2020).Os ciclones tropicais
aumentaram no arquipélago nas últimas décadas, existindo uma “tendência”
de deslocação daqueles fenómenos para norte do atlântico.“Falamos
do ciclone Lorenzo [que atravessou a região em 2019], mas a verdade é
que, se olharmos aos dados, nós temos o maior número de eventos de
sempre em relação àquilo que são os ciclones que passaram na região
definida em torno dos Açores”, reforçou.Entre
1971 e 2000 foram registados 20 ciclones tropicais, entre 1981 e 2010
aconteceram 22 eventos e entre 1991 e 2020 o número de ciclones subiu
para 35.A intensidade daqueles ciclones
também tem vindo a aumentar, com 11 eventos com categoria igual ou
superior a três entre 1991 e 2020, que compara com sete e dois eventos
registados nos períodos 1981-2010 e 1971-2000, respetivamente.“O
número de ciclones de categoria superior a três subiu exponencialmente.
O número de eventos também. O Lorenzo chegou com categoria dois e fez o
que o que fez. Isso quer dizer que a prevenção, o planeamento com a
proteção civil, o ordenamento do território é algo que não pode ser
descurado”, alertou.José Guerreiro lembrou
ainda o investimento em curso de um milhão de euros para a criação de
um observatório nos Açores destinado a monitorizar a evolução dos gases
com efeito de estufa.O presidente do IPMA
realçou que os novos cabos submarinos destinados a assegurar a ligação
ao arquipélago vão ter sensores para recolher dados de “natureza
geoquímica, sismicidade e atividade de tsunamis”.“Os
Açores têm uma posição geoestratégica absolutamente privilegiada. Estão
numa posição central do atlântico. O anticiclone dos Açores, que tanto
beneficiou a era dos descobrimentos, agora traz todos os poluentes,
nomeadamente os gases com efeito de estufa”, concluiu.