“Temos que reintroduzir riqueza na floresta para que deixe de ser uma ameaça”
Incêndios
13 de jul. de 2022, 11:34
— Lusa/AO Online
“Temos que atacar a
causa estrutural, a raiz do problema. Temos que reintroduzir riqueza na
floresta para que deixe de ser uma ameaça e passe a ser uma riqueza do
país”, afirmou António Costa.O
primeiro-ministro falava em Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco,
durante uma visita em que se fez acompanhar pela ministra da Justiça e
pela coordenadora para a Estrutura de Missão para a Expansão do Sistema
de Informação Cadastral Simplificado (eBUPi).“Hoje,
o país está a viver um período de risco máximo de incêndio.
Infelizmente, muitos bombeiros e a Proteção Civil estão a combater as
chamas. É a prioridade hoje, amanhã e nos próximos dias, apagar as
chamas. Mas não podemos esquecer que há um problema estrutural atrás dos
incêndios”, disse.António Costa realçou
que grande parte da mancha florestal está abandonada, “infelizmente, por
híper fragmentação da propriedade que foi perdendo valor económico”.O
primeiro ministro disse que propriedades de pequena dimensão “muito
dificilmente” geram o rendimento económico que justifique o cuidado com
aqueles terrenos.“Em 2017, o país
compreendeu que não basta investir na Proteção Civil, nos meios aéreos,
nos equipamentos para bombeiros. Não basta investir na prevenção por
parte dos cidadãos. Tudo isto é essencial, mas não basta”, sustentou.É necessário, segundo António Costa, atacar a causa estrutural, "ir à raiz do problema".“E
onde está a raiz do problema? A raiz do problema está na necessidade
que temos de cada uma das pessoas saber do que é proprietária, de todos
saberem do que é que cada um é proprietário para ver como, em conjunto
ou individualmente, podem ter aquilo que os bisavós, os avós, os pais
trabalharam para eles poderem ter uma fonte de rendimento e não uma
fonte de problemas”, sublinhou.Para que isso aconteça, Costa considerou fundamental completar o cadastro das propriedades.“Sei
que é uma tarefa muito difícil. O cadastro parou no início do século
XX, mais ou menos logo a norte do Tejo e nas zonas Centro e Norte ficou
por fazer. E nem a ditadura teve coragem de fazer o cadastro porque
havia a ideia de que, se fizéssemos o cadastro, as pessoas tinham que
passar a pagar impostos. Esse é um problema que esta resolvido. Ninguém
vai pagar impostos por fazer o cadastro. A única coisa que permite é que
cada um fique a saber a propriedade que tem e como é que a pode
valorizar”, concluiu.O primeiro ministro
deixou um novo apelo aos portugueses: “Lembrem-se de cada vez que virem
na televisão as imagens de um incêndio que podem contribuir de uma forma
sustentável e duradoura para que essas imagens não se repitam,
procedendo à identificação e ao registo da sua propriedade”.