Telavive e palestinianos acusam-se mutuamente de genocídio
4 de dez. de 2023, 17:27
— Lusa
“Os
ataques do Hamas em 07 de outubro foram motivados por uma ideologia
genocida”, disse Yeela Cytrin, conselheira jurídica da missão israelita
em Genebra, aos diplomatas reunidos na sede do organismo da ONU.A
diplomata palestiniana Dima Asfour referiu-se, por sua vez, a uma
catástrofe resultante dos bombardeamentos massivos e da ofensiva
terrestre do Exército israelita na Faixa de Gaza, que constituem "um
caso clássico de genocídio".A Convenção
para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, adotada em 09 de
dezembro de 1948 pela Assembleia-Geral da ONU, foi o primeiro tratado
dedicado aos direitos humanos na história das Nações Unidas, antes da
Declaração Universal dos Direitos Humanos.Foi
adotado no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, destacando o horror do
Holocausto e a obrigação de se prevenir e punir atos genocidas.“Setenta
e cinco anos depois, os judeus ainda são alvo de ataques e ainda sentem
a violência do antissemitismo e o ódio aos judeus”, disse Yeela Cytrin,
acrescentando: “O Hamas e os seus apoiantes encorajam a erradicação do
povo judeu nas redes sociais há anos”.“Mesmo
antes de os corpos das vítimas de 07 de outubro arrefecerem, o
antissemitismo explodiu tanto ‘offline’ como ‘online’”, prosseguiu.O
representante do Irão disse, por seu turno, que Israel foi o autor de
um “genocídio horrível” contra os palestinianos, enquanto representantes
de outros países muçulmanos acusaram os líderes israelitas de
“incitamento ao genocídio”.“Os sinais de
alerta de genocídio devem levar-nos a agir”, afirmou a diplomata
palestiniana, numa referência à convenção adotada pela ONU há mais de
sete décadas.“Nas últimas oito semanas,
depois de transmitir publicamente apelos genocidas, Israel começou a
lançar toneladas de explosivos em Gaza com enorme poder destrutivo”,
declarou a representante.Dima Asour
lamentou ainda “uma vasta campanha de repressão digital, incluindo
desinformação, censura, assédio ‘online’ e proibição” nas redes sociais,
com o objetivo de silenciar as vozes palestinianas.A
representante apelou “às empresas tecnológicas e às redes sociais para
que tomem medidas imediatas para proteger os seus utilizadores dos danos
‘online’ à luz do genocídio que está a ocorrer na Palestina”.A
guerra em curso no Médio Oriente começou em 07 de outubro, após um
ataque do braço armado do movimento islamita palestiniano Hamas, que
incluiu o lançamento de milhares de ‘rockets’ para Israel e a
infiltração de cerca de 3.000 combatentes que mataram mais de 1.200
pessoas, na maioria civis, e sequestraram outras 240 em aldeias
israelitas próximas da Faixa de Gaza.Em
retaliação, as Forças de Defesa de Israel dirigiram uma implacável
ofensiva por ar, terra e mar àquele enclave palestiniano, que enfrenta
uma grave crise humanitária perante o colapso de hospitais e a ausência
de abrigos, água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.As
autoridades da Faixa de Gaza, controladas pelo movimento islamita
palestiniano Hamas desde 2007, aumentaram hoje o número de mortos na
ofensiva israelita para quase 15.900, enquanto mais de 250 palestinianos
morreram às mãos das forças de Telavive ou em ataques levados a cabo
por colonos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental desde 07 de outubro.As
partes cessaram as hostilidades durante uma semana no âmbito de uma
trégua mediada por Qatar, Egito e Estados Unidos, mas os confrontos
regressaram na sexta-feira passada após falta de entendimento para
prorrogar o acordo.