TdC aponta falhas nos pedidos de 'lay-off' simplificado em 2020
Covid-19
23 de fev. de 2022, 12:30
— Lusa/AO Online
Esta
é uma das conclusões que integram o relatório de auditoria do Tribunal
de Contas (TdC) ao ‘lay-off’ simplificado e ao apoio à retoma, em 2020.O
processo foi condicionado pelos mais de 295 mil pedidos de 'lay-off'
simplificado à Segurança Social e por sete alterações legislativas em
apenas quatro meses, no início da pandemia, o que não evitou a
necessidade do tratamento manual dos pedidos, "originando fragilidades
nas bases de dados de suporte", indica o TdC.A
auditoria identificou assim "constrangimentos na operacionalização do
‘lay-off’ simplificado", nomeadamente “quanto à causa de ‘lay-off’, a
data de início e data de fim do período de ‘lay-off’, bem como de
informação relativa aos trabalhadores”. Segundo
o relatório, além da inexistência de informação sobre a data de entrega
dos pedidos, registou-se "a omissão sobre os motivos, em 74% dos
pedidos de adesão, bem como de informação relativa ao Código de
Atividade Económica das entidades”.Dos
mais de 295 mil pedidos de 'lay-off' simplificado, em que mais de
metade (61,8%) foram prorrogações de pedidos iniciais, a quase
totalidade (96,3%) mereceu validação e apenas 2,1% dos pedidos foram
anulados e 1,6% recusados, quer por o ficheiro ter sido rejeitado
(64,2%) quer por os sujeitos terem dívidas à Autoridade Tributária
(35,8%), indica o tribunal.Ou
seja, dos mais de 295 mil pedidos, 283 mil foram validados e pagos (108
mil adesões iniciais e 175 prorrogações), tendo sido anulados ou
recusados 11 mil pedidos e dois mil por pagar.O
'lay-off' simplificado, adotado para apoiar o emprego durante a
pandemia de covid-19, abrangeu 848 mil trabalhadores em 2020,
concentrando-se sobretudo nos meses de abril e maio, na maioria através
da suspensão do contrato de trabalho.No
conjunto das medidas de resposta à pandemia, o 'lay-off' simplificado
foi a que maior impacto teve no orçamento da Segurança Social em 2020,
com pagamentos que atingiram os 758,2 milhões de euros.De
acordo com o TdC, a maioria dos pedidos pagos em 2020 tinha um valor
inferior a mil euros, uma vez que foram sobretudo microempresas que
aderiram ao apoio.Em
média, cada entidade empregadora recebeu 7,3 mil euros, correspondente a
342 euros por trabalhador em 'lay-off' simplificado. Já
os apoios atribuídos por trabalhador no apoio à retoma foram
superiores, de 467 euros em média, tendo os pagamentos efetuados entre
agosto e dezembro de 2020 ascendido a 162,7 milhões de euros.Segundo
o TdC, em média, os pagamentos foram realizados 42 dias após a data de
início do apoio e, no final do ano de 2020, encontravam-se ainda cerca
de 34 mil trabalhadores sem registo de pagamento, avança o TdC.A
auditoria conclui que o 'lay-off' simplificado foi "particularmente
relevante" nas “atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e
recreativas”, com 62% das entidades empregadoras abrangidas, seguindo-se
o “alojamento, restauração e similares”, com 58% de adesão.Sobre
o apoio à retoma, disponibilizado a partir de agosto de 2020, o
tribunal refere que apoiou 16.434 entidades empregadoras, num total de
133.455 trabalhadores, tendo os pagamentos ascendido nesse ano a 162,7
milhões de euros.Já em 2021, a despesa com o apoio à retoma até setembro totalizou 502,3 milhões de euros.O
'lay-off' simplificado também foi permitido em 2021 nos casos de
encerramento de atividades devido à pandemia, com uma despesa de 366,9
milhões de euros. "Ambos
representaram cerca de 56% do total da despesa da Segurança Social com
as medidas excecionais e temporárias relativas à pandemia", realça o
TdC.