Taxas turísticas "são mais um ataque de políticos fracos a mercados fortes"
Hoje 10:34
— Lusa/AO Online
"Uma nota breve, mas importante,
sobre a vergonhosa evolução das taxas turísticas em Portugal.
Vergonhosa, sobretudo, pelo embuste. Não são taxas porque não têm como
contrapartida visível qualquer serviço, não são turísticas, porque são
pagas por quem anda a trabalhar pelo país, aumentando ainda mais os
custos de contexto", defendeu Pedro Costa Ferreira.O
responsável, que falava na abertura do 50.º Congresso Nacional da APAVT
para uma plateia de mais de 1.000 congressistas ligados ao setor do
turismo, considerou, assim, que "as taxas turísticas são mais um ataque
de políticos fracos a mercados fortes, que sangra quem, por trabalhar
mais e melhor, produz mais resultados".Presente
na plateia, o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços
ficou, no entanto, de fora das críticas do responsável. "Sei
bem, Dr. Pedro Machado, que não é tutela sua. Se trago o tema ao
congresso, é porque penso que a tutela do equilíbrio, do bem senso e da
defesa dos mercados, é ,afinal, uma tutela que é de todos nós",
acrescentou.A 23 de julho, o secretário
de Estado do Turismo, Comércio e Serviços defendeu "a racionalização” da
aplicação da taxa turística em Portugal, considerando que a sua atual
disparidade e gestão municipal nem sempre garantem “mais-valia e
vantagem” para o setor.Durante um
almoço-debate promovido pelo International Club of Portugal, Pedro
Machado afirmou que “as taxas turísticas têm que ter também um
racional”, alertando para a situação de diferentes municípios aplicarem
taxas que variam entre “um euro” e “quatro euros”, algumas durante “seis
meses ou nove meses”, o que, segundo o governante, “não devia ser
assim”.Sobre a autonomia dos municípios na
definição destas taxas, o secretário de Estado reconheceu que “não
devendo o Estado imiscuir-se naquilo que é a autonomia administrativa e
financeira dos municípios, pode, por outro lado, criar regulamentos que
possam racionalizar aquilo que é de facto a aplicação da taxa
turística”.Na altura, destacou que não
concorda que portugueses que trabalham em Portugal e que se deslocam de
um lugar para o outro para trabalhar paguem esta taxa.Também
nesse dia, à margem do debate, Pedro Machado explicou à Lusa que sente
que “o espírito inicial da taxa, criada para compensar a pegada do
turismo nos territórios, está muitas vezes a ser desvirtuado”.“É
neste desvirtuamento que encontro uma semelhança com outros impostos e
taxas municipais, como o IMI, que já tem regulamentação nacional”,
sustentou, acrescentando que, da mesma forma, a taxa turística poderia
seguir esse caminho.Questionado em julho
sobre se o Governo já está a trabalhar na matéria, Pedro Machado
respondeu apenas: “É uma preocupação nossa”.O
50.º Congresso Nacional da APAVT, que termina em 04 de dezembro, tem
como tema "75 anos a olhar o futuro" e assinala o culminar das
comemorações dos 75 anos da associação. Pedro
Costa Ferreira disse que acreditaram 1.039 congressistas, oriundos
"de 172 voos diferentes" para Macau, que acolhe este evento pela sexta
vez.