Taxa de risco de pobreza absoluta em Portugal cai em 2022
29 de jan. de 2025, 16:37
— Lusa/AO Online
Intitulado “Quem consegue pagar
as despesas essenciais? Uma análise da pobreza absoluta em Portugal”, o
documento revela que “os desempregados (25%) e as famílias com crianças
(12,2%) são dos grupos com maior risco de pobreza absoluta”.“Em
2022, a taxa de risco de pobreza absoluta variou entre 8,5% e 12,6%,
abaixo dos 16,4% da taxa de risco pobreza relativa”, indica, sustentando
que “a pobreza absoluta é mais comum nas áreas urbanas (8,8%) do que
nas áreas rurais (6,9%)”. A análise
publicada pela Fundação “la Caixa” e BPI e elaborada pela equipa da Nova
SBE destaca que a taxa de risco de pobreza absoluta é inferior à
relativa em todas as regiões, exceto na Área Metropolitana da Lisboa
devido “ao elevado custo de vida, especialmente com a habitação”. As
regiões autónomas dos Açores e da Madeira são aquelas em que há “maior
risco de pobreza absoluta”, com 22,1% e 15%, respetivamente. “Estas
diferenças advêm da distribuição de famílias com crianças e do
rendimento não monetário (autoconsumo e autolocação), que variam
significativamente entre regiões”, observa. Adotando
os microdados do Inquérito às Despesas das Famílias de 2022 e adaptando
os métodos de Orshansky, o estudo analisa o custo do cabaz alimentar
apropriado à idade de cada elemento do agregado familiar, segundo as
diretrizes da Direção-Geral da Saúde (DGS), e os montantes das despesas
essenciais: habitação, água, energia, alimentação, entre outras.Através
do método de Orshansky, a análise, que teve a coordenação da professora
Susana Peralta, revela que, há três anos, a taxa de risco de pobreza
absoluta em Portugal era de 12,6%, equivalendo a 1,3 milhões de pessoas,
3,8 pontos percentuais abaixo da taxa de risco de pobreza relativa
oficial. “O maior risco de pobreza absoluta está nos agregados com crianças (21,2%) e nas famílias numerosas (49,2%)”, salienta.O
estudo acrescenta que cerca de 900 mil trabalhadores, 8,9% da
população, encontram-se em situação de pobreza absoluta, que é mais
prevalente nos desempregados (31,8%) e em pessoas com contrato
temporário de trabalho (18,4%).Sobre o
risco de pobreza absoluta extrema, o relatório intercalar “Portugal,
Balanço Social 2024” indica que “cerca de 100 mil pessoas vivem em
agregados sem o rendimento necessário para pagar a dieta essencial”,
perfazendo cerca de 1% da população.“As
crianças e os estrangeiros são os grupos mais afetados pela pobreza
absoluta extrema, com taxas de 1,9% e 1,3% respetivamente. Logo, 37 mil
crianças vivem em agregados com rendimentos abaixo do custo da dieta
essencial”, realça. O documento assinala
ainda que cerca de 3,5% dos desempregados, perto de 20 mil pessoas, não
possuem recursos para pagar uma dieta adequada, e que as famílias
numerosas são o grupo com a maior prevalência de pobreza absoluta
extrema (4%).“A Região Autónoma dos Açores
apresenta a maior taxa de risco de pobreza absoluta extrema (1,9%),
seguida pela Área Metropolitana de Lisboa (1,4%), o que indicia uma
concentração de famílias com rendimentos muito baixos nessas regiões”,
conclui.