“A
taxa de preparação para reutilização e reciclagem cresceu 3,5%, entre
2020 e 2021, cifrando-se agora em 32,3%, de acordo com a nova
metodologia utilizada a nível comunitário. É uma subida importante, mas
há aqui ainda um longo percurso pela frente ao nível da gestão de
resíduos na região, que implica um compromisso de todos - do Governo
Regional, das câmaras municipais, dos operadores de gestão de resíduos e
sobretudo da população”, afirmou, em declarações aos jornalistas, o
secretário regional do Ambiente e Alterações Climáticas dos Açores.Alonso
Miguel falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem da
apresentação do relatório de resíduos urbanos dos Açores relativo a
2021.Questionado sobre as expectativas de a
região atingir, em 2025, uma taxa de reciclagem de 55%, definida como
meta pela União Europeia, o secretário regional do Ambiente disse
esperar alcançar esse desígnio com a “colaboração da população”.“São
metas exigentes, mas são as que foram definidas e nós tudo faremos para
as atingir. A conclusão do ecoparque de São Miguel dará um contributo
importante”, apontou.Das nove ilhas do
arquipélago, sete já ultrapassam as metas da União Europeia, com taxas
entre os 67,2% no Faial e os 77,9% em Santa Maria.As
duas ilhas mais populosas e com maior produção de resíduos, continuam
abaixo dos 55%, com São Miguel a atingir 26,7% e a Terceira 19,8%.“A
quantidade de volumes produzidos nas ilhas mais pequenas, tirando
Terceira e São Miguel, permite que se faça uma triagem manual, fina, que
permite recuperar grande parte dos resíduos recicláveis”, indicou. No
caso da Terceira e de São Miguel, a “triagem é quase sempre industrial,
pouco fina, e que leva a que não seja possível recuperar uma quantidade
tão grande”, explicou.Apesar do
crescimento da reciclagem, os Açores aumentaram também a produção de
resíduos urbanos em 2021, atingindo 150.143 toneladas, o valor mais
elevado desde 2014.Em comparação com 2020, foram produzidas mais 8.354 toneladas, o que equivale a um crescimento de 5,9%.Segundo
o titular da pasta do Ambiente, este aumento “ficou a dever-se
essencialmente à retoma das atividades de hotelaria e restauração e
também ao aumento do fluxo turístico, que se verificou em 2021”.A
produção de resíduos urbanos ‘per capita’ nos Açores, em 2021, foi de
1,74 kg, por dia, um valor acima da média nacional em 2020 (1,4 kg).O
secretário regional admitiu a necessidade de redução da produção de
resíduos na região, mas alertou para as dificuldades decorrentes das
elevadas importações no arquipélago.“Vivemos
em ilhas e somos obrigados a importar grande parte dos produtos que
consumimos e esses produtos, para poderem ser colocados, muitas vezes,
no mercado regional, têm de ser embalados de uma forma muito mais
elaborada, com vários invólucros”, justificou.“É
difícil conseguir reduzir a produção de resíduos. Evidentemente, passa
muito pela consciencialização da população. As pessoas são livres de
comprarem aquilo que entenderem, muito mais num mercado globalizado, mas
temos de continuar a trabalhar na sensibilização para as pessoas para
uma redução”, acrescentou.Mais de metade
dos resíduos urbanos dos Açores (92.599 toneladas) foram produzidos na
ilha de São Miguel, a maior e mais populosa do arquipélago.São
Miguel foi também a ilha que mais resíduos depositou em aterro (68%),
mas cinco ilhas atingiram “aterro zero” (Corvo, Flores, Graciosa, São
Jorge e Santa Maria).A Terceira, única
ilha do arquipélago com incineradora, destinou 70,5% dos seus resíduos à
valorização energética, e a ilha das Flores foi a que mais apostou na
valorização material (56,9%).Em 2014, os Açores depositavam 77% dos resíduos urbanos em aterro e em 2021 esse número baixou para 43,2%.“Registamos
uma melhoria ao nível das operações de tratamento de resíduos, numa
altura em que a região já valorizou mais de metade dos seus resíduos
produzidos (56,8%)”, frisou Alonso Miguel.A valorização material atingiu 22,5%, em 2021, a valorização orgânica 16,3% e a valorização energética 17,9%.