Taxa de reciclagem para 32,3% em 2021

19 de jul. de 2022, 15:38 — Lusa

“A taxa de preparação para reutilização e reciclagem cresceu 3,5%, entre 2020 e 2021, cifrando-se agora em 32,3%, de acordo com a nova metodologia utilizada a nível comunitário. É uma subida importante, mas há aqui ainda um longo percurso pela frente ao nível da gestão de resíduos na região, que implica um compromisso de todos - do Governo Regional, das câmaras municipais, dos operadores de gestão de resíduos e sobretudo da população”, afirmou, em declarações aos jornalistas, o secretário regional do Ambiente e Alterações Climáticas dos Açores.Alonso Miguel falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem da apresentação do relatório de resíduos urbanos dos Açores relativo a 2021.Questionado sobre as expectativas de a região atingir, em 2025, uma taxa de reciclagem de 55%, definida como meta pela União Europeia, o secretário regional do Ambiente disse esperar alcançar esse desígnio com a “colaboração da população”.“São metas exigentes, mas são as que foram definidas e nós tudo faremos para as atingir. A conclusão do ecoparque de São Miguel dará um contributo importante”, apontou.Das nove ilhas do arquipélago, sete já ultrapassam as metas da União Europeia, com taxas entre os 67,2% no Faial e os 77,9% em Santa Maria.As duas ilhas mais populosas e com maior produção de resíduos, continuam abaixo dos 55%, com São Miguel a atingir 26,7% e a Terceira 19,8%.“A quantidade de volumes produzidos nas ilhas mais pequenas, tirando Terceira e São Miguel, permite que se faça uma triagem manual, fina, que permite recuperar grande parte dos resíduos recicláveis”, indicou. No caso da Terceira e de São Miguel, a “triagem é quase sempre industrial, pouco fina, e que leva a que não seja possível recuperar uma quantidade tão grande”, explicou.Apesar do crescimento da reciclagem, os Açores aumentaram também a produção de resíduos urbanos em 2021, atingindo 150.143 toneladas, o valor mais elevado desde 2014.Em comparação com 2020, foram produzidas mais 8.354 toneladas, o que equivale a um crescimento de 5,9%.Segundo o titular da pasta do Ambiente, este aumento “ficou a dever-se essencialmente à retoma das atividades de hotelaria e restauração e também ao aumento do fluxo turístico, que se verificou em 2021”.A produção de resíduos urbanos ‘per capita’ nos Açores, em 2021, foi de 1,74 kg, por dia, um valor acima da média nacional em 2020 (1,4 kg).O secretário regional admitiu a necessidade de redução da produção de resíduos na região, mas alertou para as dificuldades decorrentes das elevadas importações no arquipélago.“Vivemos em ilhas e somos obrigados a importar grande parte dos produtos que consumimos e esses produtos, para poderem ser colocados, muitas vezes, no mercado regional, têm de ser embalados de uma forma muito mais elaborada, com vários invólucros”, justificou.“É difícil conseguir reduzir a produção de resíduos. Evidentemente, passa muito pela consciencialização da população. As pessoas são livres de comprarem aquilo que entenderem, muito mais num mercado globalizado, mas temos de continuar a trabalhar na sensibilização para as pessoas para uma redução”, acrescentou.Mais de metade dos resíduos urbanos dos Açores (92.599 toneladas) foram produzidos na ilha de São Miguel, a maior e mais populosa do arquipélago.São Miguel foi também a ilha que mais resíduos depositou em aterro (68%), mas cinco ilhas atingiram “aterro zero” (Corvo, Flores, Graciosa, São Jorge e Santa Maria).A Terceira, única ilha do arquipélago com incineradora, destinou 70,5% dos seus resíduos à valorização energética, e a ilha das Flores foi a que mais apostou na valorização material (56,9%).Em 2014, os Açores depositavam 77% dos resíduos urbanos em aterro e em 2021 esse número baixou para 43,2%.“Registamos uma melhoria ao nível das operações de tratamento de resíduos, numa altura em que a região já valorizou mais de metade dos seus resíduos produzidos (56,8%)”, frisou Alonso Miguel.A valorização material atingiu 22,5%, em 2021, a valorização orgânica 16,3% e a valorização energética 17,9%.