Tarifa social de Internet entra em vigor em janeiro e vai custar 6,15 euros
29 de nov. de 2021, 10:52
— Lusa/AO Online
"Confirma-se o
valor de cinco euros mais IVA, portanto, o total para o cidadão será de
6,15 euros e mantém-se também aquilo que era nossa expectativa de
critérios de elegibilidade, ou seja, de população a abranger que será
igual às regras que se aplicam à tarifa social de eletricidade e da
água, ou seja, uma expectativa de 780 mil beneficiários potenciais",
afirmou André de Aragão Azevedo."Em termos
de níveis de serviço, o que está pensado é um pacote mensal de 15 GB
[Gigabyte]" e em termos de velocidade de 'download' e 'upload' de 12
Mbps [megabit por segundo] e 2 Mbps, respetivamente, acrescentou.A 29 de setembro, a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) tinha
anunciado que na sua decisão, aprovada a 27 de setembro, tinha efetuado
uma "reponderação das medidas projetadas" no sentido provável de
decisão de 12 de agosto, aumentando a velocidade mínima de 'download' de
10 Mbps para 30 Mbps e de 'upload' de 1 Mbps para 3 Mbps e o valor
mínimo de tráfego mensal a incluir na oferta de 12 GB para 30 GB."Optámos
por ficar a meio caminho entre aquilo que era o valor de referência, ou
seja, aquilo que era o pacote da Escola Digital que também foi lançado
há cerca de um ano, naquilo que foi a transformação que a escola teve de
sofrer até para ajudar no contexto da pandemia", justificou o
governante.Ou seja, "optámos por usar como
referência, em termos de valor de mercado, exatamente o pacote da
Escola Digital, que previa os mesmos cinco euros, mas previa um nível de
serviço abaixo daquilo que estamos agora a fixar para a tarifa social
de Internet".André de Aragão Azevedo
salientou que este "é um regime ainda experimental que vai ser
avaliado", uma vez que até agora não havia tarifa social de Internet."Optámos,
do ponto de vista de opção política, por ficar aqui no meio termo,
entre a base e a referência" que foi alvo de consulta ao mercado e
"aquilo que foi a proposta da Anacom, que nos pareceu, para uma primeira
fase, um bocadinho excessiva", argumentou o secretário de Estado.O valor da tarifa de cinco euros é fixado só para 2022."A
ideia é fazer uma avaliação anual que passará pelas duas dimensões do
tema, que é o preço e os parâmetros de serviço", disse o governante ao
explicar a fixação daquele valor só para aquele ano."O
objetivo é que anualmente seja feita essa revisão, é necessário fazer
uma avaliação de impacto, qual é o nível de adesão, o que é que são
eventualmente fatores a corrigir que nós também desconhecemos e depois,
em função disso, afinar ou não os valores ou os parâmetros de serviço",
sublinhou.André de Aragão Azevedo adiantou
que esta avaliação será feita pela Anacom e depois remetido ao Governo
um relatório, sobre o qual o executivo "reagirá, corrigindo ou não, em
função daquilo que seja a conclusão a que se chegue".Questionado
sobre se no primeiro ano do arranque da tarifa social da Internet será
possível abranger o universo dos quase 800 mil beneficiários da medida, o
secretário de Estado disse não ser possível saber porque "depende de
uma adesão que as pessoas vão ter que fazer”.“Não
é concedido de forma automática, é pedido e, depois do pedido
formulado, então sim, verificando-se os requisitos, é atribuído de forma
automática", disse o secretário de Estado.Para
poder aceder à tarifa social, o futuro beneficiário “basicamente tem
que se dirigir a um operador, solicitar o serviço e depois, a partir
desse momento, o próprio operador terá acesso a uma plataforma onde pode
verificar o cumprimento ou não dos requisitos de elegibilidade",
explicou o governante."Se for elegível,
ela [tarifa social de Internet] ser-lhe-á atribuída e o operador tem 10
dias para reconhecer o direito", entrar em vigor e aplicá-la,
acrescentou."Achamos que era absolutamente
essencial nós termos este tipo de resposta quando sabemos que é cada
vez maior a dependência da tecnologia e do digital e, portanto, deixar
pessoas de fora deste mundo por razões de ordem económica, sabendo nós
que ele é hoje um serviço básico que deve ser universalizado, era
inaceitável", razão pela qual "quisemos lançar esta medida", reforçou.A medida entra em vigor no dia 01 de janeiro.Questionado sobre o que representa o arranque desta medida, André de Aragão Azevedo disse significar "uma enorme satisfação".Primeiro
porque "corresponde à implementação de algo com que nos comprometemos,
que estava previsto no nosso Plano de Ação para a Transição Digital de
Portugal", integrada "naquilo que é o foco nas pessoas e no desafio do
acesso das pessoas ao digital, que tem várias declinações", prosseguiu,
desde as várias medidas ligadas às competências digitais, "que já estão
no terreno", passando pela aposta "na transformação dos próprios
negócios e na transformação de todo o ecossistema". Depois,
"tinha a ver com o tema da conectividade e da acessibilidade, com
alargamento de cobertura e agora também tinha a ver com aquilo que é o
acesso por razões de ordem económica para a qual era essencial esta
tarifa social", defendeu."Fico muito
satisfeito por pensar que num país que queremos que seja inclusivo, que
seja de facto integrador de todas as pessoas e que não deixa ninguém
para trás, a tarifa social responde a um universo que não é
negligenciável, estamos a falar de quase 8% da população portuguesa",
apontou.Sobre a questão de cobertura de Internet no território, o secretário de Estado salientou que este é um tema que está na agenda."Não
queremos deixar também territórios para trás e há população que está de
facto em zonas que são tecnicamente chamadas zonas brancas, ou seja,
zonas que não têm acesso à rede de cobertura móvel de Internet ou de
conectividade", pelo que o Governo está a "trabalhar no levantamento
exato e muito rigoroso das zonas onde não há cobertura e para isso
estamos a preparar um diploma que impõe um mapa interativo de
cobertura", referiu.Este mapa vai ser um "instrumento muito rigoroso" que dará a perspetiva sobre a rede fixa e a rede móvel."Depois,
com base nisso, lançarmos, agora integrado naquilo que é o plano de
investimentos quer do PRR, quer do PT2030, quer até do fundo da
transição digital que decorre do leilão do 5G", já que há uma capacidade
de investimento que permite "esperar um alargamento muito grande dessa
cobertura".O secretário de Estado garante que "é para isso" que o Governo está a trabalhar."Essa
é uma preocupação muito grande que o Governo tem e que achamos que nos
próximos meses vai ter uma evolução muito favorável", sublinhou.O
mapa interativo está "neste momento em circuito legislativo", mas
porque pode ainda demorar algum tempo a estar em total funcionamento, o
Governo mandatou a Anacom “para fazer já um levantamento prévio",
salientou."O Governo emitiu um despacho
conjunto entre várias áreas governativas, desde a Economia e Transição
Digital à parte das Telecomunicações e também à parte da Valorização do
Interior, no sentido de termos, de facto, um acesso à informação no
curto prazo que nos permita desde já desenhar e avançar com um conjunto
de investimentos que acelerem o processo de alargamento de cobertura",
concluiu o governante.