TAP suspeita de estar a pagar mais do que concorrentes pelos aviões
19 de out. de 2022, 11:54
— Lusa/AO Online
"A administração [da
TAP], a determinada altura, suspeitou que nós estaríamos a pagar pelos
aviões que estamos a pagar, mais do que os concorrentes pagavam. [...] A
administração pediu a auditoria, essa auditoria foi concluída, entregue
ao Governo e nós, perante dúvidas perante as conclusões daquela
auditoria, encaminhámos a auditoria para o Ministério Público", anunciou
o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, em
audição na Assembleia da República, por requerimento do PCP e do Chega,
sobre a privatização da TAP, à qual se segue uma audição sobre a
celebração de contratos públicos por uma empresa com uma participação
superior a 10% do pai do governante, por requerimento do PS.Pedro
Nuno Santos voltou também a apontar o dedo ao PSD, acusando-o de ser um
"mero partido de protesto" que não apresenta soluções, por não assumir,
disse, o que teria feito em 2020 quando a TAP se encontrava em
dificuldades agravadas pela pandemia.O
ministro lembrou ainda a privatização levada a cabo pelo Governo do
PSD/CDS-PP, parcialmente revertida em 2015, num negócio em que a TAP foi
vendida por 10 milhões de euros a "um acionista que endividou ainda
mais a empresa".Foi, de resto, aquela
administração privada liderada por David Neeleman que levou a cabo a
renovação da frota de aviões da companhia aérea.A
Lusa contactou a TAP para esclarecimentos sobre a auditoria avançada
pelo ministro, que respondeu não ter nada a dizer sobre o assunto. O
ministro reiterou que "não há nenhuma cambalhota" na posição do Governo
sobre a privatização da TAP, tal como defendeu no debate requerido pelo
PSD, que teve lugar na semana passada."A
única coisa que foi sempre assumida foi a de que nós entendíamos que a
TAP é uma companhia aérea num setor altamente consolidado, não deve
ficar sozinha, a melhor forma de garantir viabilidade a médio e longo
prazo é estar integrada num grande grupo de aviação", vincou o
governante.Em resposta ao deputado do PSD
Paulo Rios de Oliveira, que referiu uma injeção de 270 milhões de euros
feita pelo antigo acionista privado na empresa, o ministro das
Infraestruturas disse que a injeção foi de 224 milhões e que o PSD ainda
não explicou se "houve efetivamente uma capitalização, ou se houve um
endividamento ainda maior"."Prometeram uma
capitalização que se traduziu em capitalização nenhuma da empresa, pelo
contrário, resultou em endividamento que ainda hoje estamos a pagar,
aparentemente - para não ser mais objetivo - a pagar mais pelos aviões
do que os nossos concorrentes", apontou o governante.Paulo
Rios de Oliveira acusou ainda o Governo de não ter dito aos
contribuintes que os 3.200 milhões de euros eram "a fundo perdido"."Disseram
aos portugueses, a quem querem dar 125 euros, que tiraram 320 euros a
cada um?", questionou o deputado social democrata.Em
resposta, Pedro Nuno Santos considerou que a leitura das decisões do
Governo socialista deve ser feita "à luz dos resultados das eleições de
janeiro", que o PS venceu com maioria absoluta."Quando
fomos a eleições, senhor deputado Paulo Rios, a TAP já tinha sido
intervencionada e nós já os tínhamos comprometido com Bruxelas a injetar
3.200 milhões de euros na TAP. Nós fomos a eleições e ganhámos. [...] O
líder político do PSD que o senhor deputado apoiava durante a campanha
tentou por variadas vezes aproveitar o caso TAP", sublinhou o ministro.