Talibãs reiteram compromisso de dar educação e emprego a mulheres no Afeganistão
13 de dez. de 2021, 16:06
— Lusa/AO Online
Numa entrevista à
agência noticiosa Associated Press, o ministro dos Negócios Estrangeiros
afegão também disse que o novo Governo talibã deseja boas relações com
todos os países e que não tem qualquer problema com os Estados Unidos.De
resto, Muttaqi voltou a pedir a Washington e a outras nações para que
libertem mais de 10 mil milhões de dólares (cerca de 8,8 mil milhões de
euros) em fundos que foram congelados quando os talibãs assumiram o
poder, em 15 de agosto.“As sanções contra o
Afeganistão (...) não trazem nenhum benefício”, disse Muttaqi, durante a
entrevista realizada no domingo, no Ministério dos Negócios
Estrangeiros, no coração da capital, Cabul.“Tornar
o Afeganistão instável ou ter um Governo afegão fraco não é do
interesse de ninguém”, explicou Muttaqi, cujos assessores incluem
funcionários do Governo anterior, bem como outros recrutados nas
fileiras dos talibãs.Muttaqi reconheceu a indignação do mundo com as limitações impostas pelo talibãs à educação de meninas e mulheres.Em
muitas partes do Afeganistão, as alunas entre o 7º e o 12º ano ficaram
impedidas de ir às aulas, quando os talibãs assumiram o poder, e muitas
funcionárias foram instruídas a ficar em casa.Quando
governaram o Afeganistão pela primeira vez - entre 1996 e 2001 – os
talibãs chocaram o mundo ao impedir meninas e mulheres de frequentar a
escola ou ter empregos, proibindo a maior parte do entretenimento e
desportos e, ocasionalmente, realizando execuções na frente de grandes
multidões em estádios desportivos.Contudo, Muttaqi garantiu que, desta vez, os talibãs surgem com uma atitude diferente.“Temos
avançado na administração e na política ... na interação com a nação e
com o mundo. A cada dia que passa, vamos ganhando mais experiência e
fazendo mais progressos”, disse o chefe da diplomacia afegã.Muttaqi
disse que, sob o novo Governo talibã, as meninas vão à escola até ao
12º ano em 10 das 34 províncias do país, garantiu que escolas
particulares e universidades estão a funcionar normalmente e que 100%
das mulheres que trabalharam anteriormente no setor de saúde estão de
regresso ao trabalho.Muttaqi disse também
que os talibãs não perseguem os seus opositores e que, bem pelo
contrário, até anunciaram uma amnistia geral e ofereceram proteção a
alguns elementos do anterior regime.No mês
passado, a organização internacional Human Rights Watch publicou um
relatório que dizia que os talibãs mataram sumariamente ou fizeram
desaparecer à força mais de 100 ex-polícias e oficiais de informações,
em quatro províncias.Sobre a fuga de
milhares de afegãos, Muttaqi insistiu que a pobreza e o sonho de uma
vida melhor, não o medo, levaram milhares de afegãos a correr para o
aeroporto de Cabul, em meados de agosto, na esperança de chegar aos
Estados Unidos. O ministro admitiu que os
talibãs cometeram erros, nos seus primeiros meses no poder, e prometeu
que o novo Governo trabalhará por “mais reformas que possam beneficiar a
nação”. Muttaqi negou que a organização
terrorista Al-Qaida esteja a crescer no Afeganistão, com a cumplicidade
do novo Governo, e manteve a promessa de que os talibãs lutarão contra
todas as formas de terrorismo no seu território, mas rejeitou a hipótese
de estar ao lado dos EUA contra o Estado Islâmico (EI).