Talibãs dizem que "não são contra" educação das mulheres apesar de restrições
26 de dez. de 2022, 18:30
— Lusa/AO Online
Os fundamentalistas islâmicos salientam que "todas as instituições" devem "cumprir as regras e regulamentos aprovados".O
vice-primeiro-ministro afegão, Maulavi Abdul Kabir referiu que os
talibãs estão a trabalhar para "pôr fim" à proibição "o mais rapidamente
possível", acrescentando que o Afeganistão "é a casa comum de todos os
afegãos", segundo a agência noticiosa afegã Bajtar News.As
palavras de Kabir foram divulgadas após uma reunião com representantes
de universidades privadas, que defenderam o regresso das estudantes do
sexo feminino às aulas e o reforço do sistema educativo, a fim de
promover o progresso do país.Entretanto, o
porta-voz talibã e vice-ministro da Informação afegão Zabihullah
Mujahid apelou aos Estados Unidos para "deixarem de interferir nos
assuntos internos" do Afeganistão após as críticas de Washington à
proibição de mulheres trabalharem para organizações não governamentais."Todas
as instituições que querem operar no Afeganistão são obrigadas a
cumprir as regras e regulamentos do nosso país. Não permitiremos que
ninguém diga coisas estúpidas ou faça ameaças sobre as decisões dos
nossos líderes sob o argumento da ajuda humanitária", declarou Mujahid
na sua conta na rede social Twitter.A
encarregada de Negócios dos EUA para o Afeganistão, Karen Decker,
desafiou no domingo os talibãs a "explicarem como vão distribuir ajuda
humanitária a mulheres e crianças na ausência de pessoal feminino", no
meio de críticas internacionais à decisão do grupo.O
chefe interino da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (UNAMA),
Ramiz Alakbarov, reuniu-se hoje com as autoridades afegãs para exigir
que retirassem a sua decisão de proibir as mulheres de trabalharem para
organizações não governamentais. "Milhões de afegãos precisam de ajuda humanitária e a remoção das barreiras é crucial", declarou.A
decisão foi anunciada no sábado pelo Ministério da Economia afegão e
afeta todas as organizações não governamentais nacionais e
internacionais. Embora não afete diretamente a ONU, impossibilita muitos
dos seus programas de ajuda, uma vez que são levados a cabo por ONG
afetadas pela medida.