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Talento açoriano quer superar-se nos Mundiais de Paratletismo

Tatiana Couto e Ana Filipe vão representar, de 27 de setembro a 5 de outubro, a seleção nacional nos Mundiais de Paratletismo, em Nova Deli. Ambas as saltadoras encaram momento de valiosa aprendizagem com “satisfação” e vão procurar superar-se, entre as melhores atletas do mundo


Autor: João Pedro Ferreira

As açorianas Tatiana Couto (Clube Desportivo Santa Clara) e Ana Filipe (Associação Cristã da Mocidade da Ilha Terceira) integram a delegação portuguesa que vai estar presente nos Mundiais de Paratletismo em Nova Deli (WPA, na sigla em inglês), que decorrem de 27 de setembro a 5 de outubro no Estádio Jawaharlal Nehru. 

As atletas de 16 e 26 anos, respetivamente, são as únicas esperanças lusas femininas na disciplina de salto em comprimento na classe T20. A estreia na 12.ª edição da principal competição de paratletismo a nível internacional faz-se a 4 de outubro.

Ciente da dimensão do feito, o Açoriano Oriental procurou saber, junto de quem melhor as conhece, de que forma as atletas reagiram à convocação e se encontram a encarar o desafio: qual o seu estado de espírito, bem como os objetivos delineados.

No caso de Tatiana Couto, o seu treinador, Paulo Borges, esclarece que esta será a segunda participação da atleta, de 16 anos, em provas internacionais, a primeira no escalão sénior. Como tal, admite que a jovem se encontra “bastante satisfeita” com mais esta conquista, que é o culminar de resultados de excelência a nível nacional e internacional [ainda em julho passado, sagrou-se campeã da Europa de Sub-17 nos Jogos Paralímpicos da Juventude, com uma marca de 5,09 metros, mesmo condicionada por uma lesão]. 

Apesar de encarar a competição com expetativa, Paulo Borges alerta que não se pode esperar os “mesmos resultados” que os obtidos no escalão de Sub-17, “porque os seniores são um escalão completamente à parte”, com atletas muito mais experimentadas. O treinador realça ainda que Tatiana Couto se está a desenvolver como atleta. Exemplifica-o com o facto de se ter de ajustar o comprimento das passadas, pelo que a sua participação na prova servirá sobretudo para que se ambiente a “estes palcos e competições”, de modo a que “possa atingir outros patamares” no futuro. Em termos de desempenho, revela que o objetivo passa por melhorar a marca que registou nos Jogos Paralímpicos da Juventude, na Turquia. 

Paulo Borges, que é igualmente coordenador do desporto adaptado do Santa Clara, frisa que é importante fazer-se uma boa gestão das expetativas, sob pena de se comprometer o desenvolvimento adequado da atleta, já que a constante exposição a “uma carga  que não é a do seu escalão” pode gerar algum “desânimo”. Assim, esclarece que clube e atleta definem como prioridades a integração em provas da sua faixa etária e, “de vez em quando, 'dar um cheirinho'” dos seniores para estimular o seu desenvolvimento. E acrescenta que abdicaram da participação nos Mundiais Virtus - que decorrem de 8 a 15 de outubro em Brisbane, na Austrália - por esse motivo e, também, para não prejudicar o progresso escolar. A presença em ambas as provas implicaria que Couto se ausentasse de São Miguel por cerca de cinco semanas.  

Se Tatiana Couto é inexperiente nestas andanças, apesar do seu “enorme potencial”, Ana Filipe acumula já oito participações nos Mundiais de Paratletismo, conforme explica a sua treinadora, Ana Paula Costa, ao nosso jornal. Ainda assim, isso não invalida que a atleta reagisse à notícia da convocação com “enorme satisfação e orgulho”, ciente de que tal reflete o reconhecimento “consecutivo” da “superação de limites físicos e emocionais”. Para além disso, acrescenta que a terceirense encara sempre a participação em provas internacionais com as cores de Portugal como um “grande desafio” que acarreta “valiosas oportunidades de crescimento”. 

No que respeita a objetivos, Ana Paula Costa adianta que a atleta de 26 anos aspira “atingir as finais em qualquer campeonato”. 

Refira-se que, ao contrário da jovem Tatiana Couto, Ana Filipe vai também marcar presença, pela nona vez consecutiva, nos Mundiais Virtus. 

Ambos os técnicos concluem reconhecendo o prestígio que estas participações em provas internacionais de relevo trazem para os respetivos clubes e Região além-fronteiras.